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Ruy Castro

Lixo em terra, mar e ar

RIO DE JANEIRO - Em "O Homem do Sputnik", chanchada da Atlântida, de 1959, uma bola de metal com 60 cm de diâmetro, atravessada por setas, desprende-se de alguma torre em noite de chuva e cai numa rua de subúrbio no Rio, sobre o galinheiro de Oscarito. Todos pensam que é o Sputnik, o primeiro satélite da história, então recém-lançado pela Rússia. Boa ideia para uma comédia, mas improvável na vida real. Mesmo fora de rota, o Sputnik ficaria zanzando em órbita para sempre --como ficou.

Quase 60 anos depois, o lixo espacial que produzimos é de assustar. Há cerca de 30 mil cacarecos de todos os tamanhos voando a 30 mil km/hora e a menos de 2.000 quilômetros da Terra --ou seja, logo ali. São estágios de foguetes que se desintegraram no lançamento de satélites, satélites que "morreram" e os que se autodestruíram depois de cumprir a missão. Quando eles se chocam, geram uma quantidade maior ainda de detritos. Dois satélites que se abalroam resultam em milhares de cacos --e há satélites que pesam dez toneladas.

Sem surpresa. O homem está fazendo no espaço o mesmo que já fez em terra, mar e ar --empesteando-o. O que aconteceu, por exemplo, aos milhões de fuscas que rodavam pelo Brasil até os anos 80? Já sei, foram desmanchados, mas que fim levaram seus bilhões de componentes? E os trilhões de pilhas, faxes, videocassetes, TVs de tubo, laptops, câmeras analógicas, relógios de pulso, tomadas de dois pinos, CDs de Roberto Carlos e outros objetos superados --para onde vão?

Um dia, vamos perguntar o mesmo dos hoje ainda indispensáveis smartphones, tablets e do que a tecnologia aposentar. E não adianta enterrar tudo nos grandes lixões em pontos remotos da Terra --porque Terra e lixão já são sinônimos.

P.S.: O colunista pede dispensa até a quarta da semana que vem, dia 11.


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