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Fernanda Godoy
O Rio no espelho
RIO DE JANEIRO - O prefeito Eduardo Paes pediu aos jornalistas estrangeiros que evitem comparar o Brasil com países de Primeiro Mundo. Avisou que quem desembarcar pensando que está chegando à Inglaterra vai se frustrar. Nem era necessário dizer.
O ciclo de euforia que se seguiu à escolha das sedes da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos se esgotou. Autoridades e cidadãos devem receber com serenidade as críticas que virão de jornalistas e visitantes estrangeiros, com o Rio no foco da imprensa internacional.
O Brasil é um país fechado em si mesmo, que tem dificuldades de captar a visão estrangeira, e os grandes eventos internacionais são oportunidades para que se mude isso.
Recente ranking do site TripAdvisor, feito a partir da avaliação de 54 mil usuários, bota o Rio no 29º lugar, em termos de satisfação do turista, entre as 37 cidades mais visitadas do mundo. O Rio aparece especialmente mal nos quesitos mobilidade urbana, transportes públicos, limpeza das ruas e, claro, na sensação de segurança.
Muitos desses problemas são os mesmos que levaram os brasileiros a protestar nas ruas há um ano, e estão na raiz do mal-estar que se sente nas grandes cidades.
O Rio teve ainda péssimos resultados na relação custo-benefício para hotéis, restaurantes e compras. É também a mais cara das cidades- -sede, com gasto diário estimado em US$ 682 por dia.
Visitantes e moradores apreciam as belezas naturais, a simpatia do povo, a vida boêmia. Mas, para realizar plenamente seu potencial turístico e tornar-se uma cidade melhor para se viver, o Rio precisa de muito trabalho.
O contato com críticas vindas de fora servirá para aguçar a percepção de que é necessário focar prioridades, combater a corrupção, aumentar a eficiência. Sem complacência.
