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Opinião

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Antonio Delfim Netto

História nova

Para um país cuja juventude tem sido iludida com o ensino de uma história profundamente ideologizada, a entrevista de Thomas Piketty, nas páginas amarelas da revista "Veja" da última semana é esclarecedora. Por exemplo, como se define "capitalismo" nos exemplares do livro "Nova História Crítica", 8ª série, 2007, distribuído pelo MEC nos anos de 2005/07, excluído da lista em 2008, depois de protestos no Congresso Nacional?

Nele, "Terras, minas e empresas são propriedade privada. As decisões econômicas são tomadas pela burguesia, que busca o lucro pessoal. Para ampliar as vendas no mercado consumidor, há um esforço em fazer produtos modernos". E o socialismo? Nele "terras minas e empresas pertencem à coletividade. As decisões econômicas são tomadas democraticamente pelo povo trabalhador, visando o bem-estar social. Os produtores são os próprios consumidores. Tudo é feito com honestidade (sic!) para agradar a toda a população. Não há riscos. As diferenças sociais são pequenas. Ampla liberdade democrática para os trabalhadores".

Somos informados que na felicíssima URSS, onde havia abundância e apoio ao regime, este dissolveu-se em 1991 sob pressão "de uma intelligentsia (os profissionais com curso superior) que tinham inveja da próspera classe média que existia. Queriam ter dois ou três carros importados na garagem de um casarão. Frequentar bons restaurantes, comprar aparelhagens eletrônicas sofisticadas, roupas de marcas famosas, joias".

Pobre Marx! Sempre tão maltratado por seus asseclas.

As conclusões do livro de Piketty foram equivocadas e apressadamente apropriadas como mais um manifesto anticapitalista, o que não passa de uma imensa tolice. Ele disse na entrevista: "Eu acredito no capitalismo, no livre mercado e na propriedade privada, não apenas como origem de eficácia e crescimento, mas também como elemento de liberdade individual. Sou muito positivo com relação a isso. Mas vejo que há um risco se não mostrarmos que existem meios de repartir os ganhos da globalização de forma mais equilibrada. Para que o processo virtuoso do capitalismo continue, é preciso que todos se beneficiem. Caso contrário, surgem tentações como as que assombram a Europa de hoje".

Diante dos equívocos que cercam a concepção de "capitalismo", é preciso insistir. Ele é produto de uma seleção histórica que continua. Está longe de ser perfeito e acabado... É apenas um instante na longa busca do homem para chegar a uma organização social que lhe dê, ao mesmo tempo, ampla liberdade individual, aumente permanentemente a igualdade de oportunidades e seja relativamente eficiente para dar-lhe mais tempo livre para construir a sua humanidade.


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