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Paula Cesarino Costa
Bem-vindos
RIO DE JANEIRO - Andar pela cidade se transformou numa mistura de desorganizada lição de geopolítica e jogo de advinha: que língua falam? De onde vêm? Onde fica? Que camiseta é essa? Da orla de Ipanema e Copacabana aos arredores do Maracanã, algo que só se imagina na Copa: os estrangeiros estão em casa.
Muitos de camisa laranja se hospedaram em Ipanema e são figurinhas fáceis na areia da praia. Alguns são jogadores famosos e outros gozam do prazer de parecerem sê-lo. Facilmente identificáveis pelo tipo físico e pela "língua que parece alemão", os holandeses invadiram o Rio. E são provocados por vermelhos do Chile.
Bandeiras quadriculadas de branco e vermelho mostram que croatas passaram por aqui antes do jogo contra o Brasil, em São Paulo. A tez morena e o verde e branco das camisetas já seriam suficientes para identificar os mexicanos, mas houve quem ajudasse com o sombrero típico. Fora da Copa, paraguaios levam uísque para a praia, ao lado de ingleses que preferiam a cerveja gelada.
O azul e o branco dos argentinos, que estreiam domingo no Maracanã, espraia-se à vontade pelo Leblon, como se fossem Messi em campo.
O verde e o amarelo parecem estranhos quando adornam só homens altos e loiros, com pinta de surfistas --são os australianos. Outro amarelo, com toques de vermelho e azul, está em colombianos que viajam para conhecer o país, ver jogos ou até vender bugigangas vindas de China.
Em nome da ordem, o preto básico dos policiais do Batalhão de Choque não combina com dias tão coloridos. Mas dão um toque especial.
A Copa embaralhou a lógica de quem fotografa quem. Os estrangeiros não param de tirar fotos das belezas naturais do Rio. Mas são tantos e de tantas origens diferentes que cariocas aposentaram o ar blasé e pedem para tirar fotos com anônimos grupos de turistas uniformizados. É a melhor forma de dizer: bem-vindos!
