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Opinião

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Kenneth Maxwell

Martha Muse

De vez em quando surgem pessoas que fazem diferença de um modo muito positivo. Martha Muse foi uma delas. Fui ao serviço religioso em sua memória nesta quarta (18) em Nova York. Trabalhei para ela no final dos anos 70 e começo dos 80, foi um período transformador para mim. Ela não era uma pessoa pública. De muitas maneiras, foi uma pioneira dos direitos da mulher, ainda que não se visse assim.

Martha foi por muitos anos a líder da Tinker Foundation. Edward Larocque Tinker foi um nova-iorquino rico que estudou direito, mas preferiu buscar aventuras na juventude. Trabalhou instalando ferrovias ao longo da fronteira entre os EUA e o México e se envolveu na Revolução Mexicana. Apaixonou-se pela América Latina, seus povos e sua literatura, e por seus cavalos e cavaleiros. Viveu por algum tempo em Nova Orleans antes de voltar a Nova York, onde foi o responsável por apresentar muitas das mais importantes figuras literárias latino-americanas ao público dos EUA.

Tinker legou sua fortuna a um fundo cujo objetivo era promover o entendimento entre os EUA e a América Latina. Mas o banco encarregado de administrar o capital não cumpriu bem as suas responsabilidades e Martha, filha do melhor amigo de Edward Larocque Tinker, assumiu a tarefa de desmontar o fundo e estabelecer a Larocque Foundation para levar adiante o trabalho de Tinker. Ela dirigiu a fundação até se aposentar. Martha não era uma pessoa a ser subestimada, como os banqueiros obviamente fizeram. Era uma mulher discreta, mas determinada. Veio de uma família que esteve entre os fundadores do Texas e por sob o seu considerável charme ela ocultava uma notável firmeza; nas reuniões sempre se apresentava muito mais preparada do que seus interlocutores.

Martha foi a primeira mulher a servir como vice-presidente do conselho curador da Universidade Columbia. Foi uma das primeiras mulheres a se tornar membro do Conselho de Relações Exteriores dos EUA. Mas foram suas atividades na Tinker Foundation que a tornam merecedora do maior reconhecimento. Ela criou cinco cátedras Tinker em universidades dos EUA, e centenas de latino-americanos serviram como professores visitantes sob os auspícios da fundação, entre os quais muitos brasileiros. As verbas fornecidas pela fundação ao longo das décadas sustentaram boa parte do consistente trabalho entre estudiosos latino-americanos e norte-americanos.

A Tinker estabeleceu o Prêmio Muse para pesquisas sobre a Antártida, como reconhecimento do amor de Martha por aquela região e sua fauna e flora, e o prêmio será um memorial digno dela. Martha era uma mulher discreta que fez muito para criar um mundo melhor.


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