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Opinião

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Tensões chinesas

Com novos estímulos do governo, o crescimento da China deve se manter em torno de 7% neste ano, patamar invejável para a maioria dos países, mas preocupante no caso do gigante asiático.

O modelo de desenvolvimento baseado nos investimentos em infraestrutura, sobretudo na construção civil, tem sido financiado por empréstimos cada vez maiores.

Hoje, uma grande fragilidade da economia chinesa é a montanha de dívidas resultante do estímulo que o governo deu a esses setores com vistas a combater a crise financeira de 2008.

O segmento de construção, responsável por 15% do PIB, evidencia o esgotamento: apesar do crédito ainda em alta, a edificação de novas casas diminuiu 24% nos últimos 12 meses, e os preços dos imóveis já não sobem.

Além da desaceleração, o caminho trilhado pela China nos últimos anos conduz à instabilidade financeira e ao risco de quebras.

Dados da agência de risco S&P mostram que a dívida corporativa no país atingiu US$ 14,2 trilhões no ano passado, US$ 1,1 trilhão acima do observado nos EUA. Estima-se que até 2018 as empresas chinesas terão tomado US$ 20 trilhões em novos empréstimos, cerca de um terço do total mundial.

Desde 2008, o bolo de crédito passou de 130% para 220% do PIB chinês. Seria um sinal, como é frequente na história, de falta de critério nas concessões --e de potenciais calotes no futuro. Para fins de comparação, a disparada de empréstimos registrada nos EUA em anos anteriores à crise das hipotecas chegou a 41% do PIB.

Diante das dificuldades de crescimento e da surpresa negativa no primeiro trimestre, quando a economia avançou apenas 5,8% na comparação com os últimos três meses de 2013, o governo chinês adotou novas medidas de estímulo.

Liberou depósitos mantidos no banco central, facilitando empréstimos a pequenas e médias empresas, numa tentativa de fazer fluir o dinheiro para além das grandes estatais. Agilizou, ainda, a aprovação de novos projetos de infraestrutura, reforçando o padrão que parece se esgotar.

As adversidades enfrentadas pela China para reconfigurar seu modelo de crescimento, modernizar o sistema financeiro e melhorar a alocação de crédito não são pequenas. É provável que a travessia não termine sem solavancos.

Mais relevante, porém, é o cenário de longo prazo: se a euforia das commodities passou, a China será em breve o maior consumidor de bens e serviços do mundo. Esta é a oportunidade a ser explorada.


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