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Barril de votos

Soa evidente a motivação eleitoral do governo Dilma Rousseff ao conceder a exploração de novas áreas do pré-sal à Petrobras

É no mínimo estranha a decisão do governo de conceder à Petrobras, de surpresa e sem licitação, o direito de explorar quatro novas áreas do pré-sal.

Segundo estimativas, a medida fará com que as reservas petrolíferas da estatal passem dos atuais 16 bilhões de barris para algo entre 26 bilhões e 30 bilhões, montante inferior apenas ao da russa Rosneft (33 bi) e superior ao da norte-americana Exxon (25 bi).

Parece clara a motivação eleitoral por trás da iniciativa. Pesquisas internas da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), que tentará ser reconduzida ao cargo, indicaram que se disseminou a percepção de que o governo tem prejudicado a Petrobras.

Se, a partir de agora, a petista terá como responder a esse tipo de comentário, sem dúvida reforçado pela oposição, nem por isso a cessão das novas áreas está livre de críticas. Para começar, porque pertencendo à União --a todos os brasileiros, portanto--, as reservas do pré-sal não deveriam ter seu destino atrelado ao das urnas.

Além dessa questão de princípio, há aspectos operacionais que merecem ser considerados. Embora esteja prevista em lei desde 2010, essa modalidade de contratação direta, com dispensa de concorrência, ainda não havia sido utilizada. Só o foi desta vez para evitar um leilão que obrigaria a vencedora a pagar R$ 15 bilhões à vista.

Como foi feita, a operação custará à Petrobras R$ 15 bilhões a serem pagos até 2018, dos quais R$ 2 bilhões precisam ser quitados ainda neste ano. São cifras ainda assim nada desprezíveis para o já apertado caixa da empresa, cujo endividamento é o maior do mundo.

De qualquer ângulo que se observe, os próximos anos serão desafiadores. O programa de investimentos da estatal é gigantesco --US$ 220,6 bilhões até 2018--, enquanto sua receita permanece comprometida pelo controle artificial dos preços de combustíveis.

Se quiser manter os investimentos, a empresa precisará tomar ainda mais empréstimos --o que em algum momento piorará substancialmente sua nota de crédito--, ou demandará novo aumento de capital, algo negado pelo governo.

Mas, considerado o descalabro dos últimos anos, será difícil localizar investidores dispostos a desembolsar quantias significativas.

Não surpreende que a reação do mercado tenha sido negativa, apesar de a Petrobras ser beneficiada pelo expressivo aumento de barris de petróleo. As ações da empresa despencaram 9%; analistas consideram que a estatal já tem mais reservas do que consegue operar.

Novamente fica claro que o governo Dilma Rousseff subordina decisões de cunho estratégico a objetivos de curto prazo, sem levar em conta os custos futuros.


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