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Rogério Gentile

Monstros também amarelam

SÃO PAULO - Thiago Silva, o capitão chorão da seleção brasileira que se recusou a bater um pênalti na partida contra o Chile, tem uma história de vida comovente.

Em 2005, aos 20 anos, jogava na Rússia quando descobriu estar com tuberculose. Ficou seis meses internado num quarto minúsculo, em condições precárias. O vaso sanitário era um buraco no chão. Por cerca de 60 dias, não pôde ter contato com ninguém, em razão do risco de contágio, além dos médicos, com os quais se comunicava apenas por gestos. O tratamento indicado era a retirada de parte do pulmão, o que teria significado o fim da sua carreira.

Foi salvo por um treinador, Ivo Wortmann, que conseguiu um especialista em Portugal para recuperá-lo. Um ano depois do diagnóstico, voltou ao Brasil para jogar no Fluminense, onde ganhou o apelido de "monstro" em razão de suas atuações impressionantes e iniciou sua trajetória de sucesso até a Copa, quando, diante de milhões de telespectadores, sentou numa bola para rezar e, assustado, simplesmente amarelou.

Por muito menos, na Copa de 1950, um outro defensor brasileiro ficou marcado, chamado de covarde e considerado um dos principais responsáveis pelo "Maracanazo". Naquela partida, segundo o jornalista Mário Filho --irmão de Nelson Rodrigues--, Bigode levou um safanão de Obdúlio Varela, não reagiu, e, desmoralizado, perdeu o duelo para Ghiggia, que participou dos dois e decisivos gols uruguaios.

Bigode negou ter sofrido a agressão, mas passou a vida apontado como um dos símbolos do tal complexo de vira-lata.

Thiago Silva, ao contrário de Bigode, que nunca mais disputou uma partida pela seleção brasileira, ganhou uma nova chance com a bola na trave que manteve o Brasil na Copa do Mundo. Quem sabe, conseguirá provar que um "monstro" pode, sim, sobreviver a um papelão depois de um dia difícil.


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