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Ruy Castro

Livres da obrigação

RIO DE JANEIRO - Tentando encontrar um lado positivo na contusão de Neymar: a vitória da seleção sobre a Colômbia e a perda do nosso maior jogador podem ter salvado a Copa para 200 milhões de torcedores.

Estamos livres dos fantasmas que nos assolaram em 1966 (quando o sonho do tri foi substituído pela humilhação da volta para casa na primeira fase), 1974 (quando a esperança do tetra se evaporou contra a Holanda, em que parecíamos meninos jogando contra adultos) e 1982 (quando o futebol mais bonito do mundo perdeu para o mais eficiente). Nos três casos, o Brasil desembarcou mais cedo no Galeão e tivemos de acompanhar o desfecho daquelas Copas com o distanciamento dos perdedores.

Vimos tudo isso acontecer de novo em 2014, só que com a Espanha, a Inglaterra e a Itália como vítimas. Os três centros mais ricos e poderosos do futebol mundial, derrotados no campo, tiveram de enrolar suas bandeiras e ceder o lugar a países da periferia esportiva. Mas perder e ir embora é uma bênção. O problema é perder e ter de ficar. Se o Brasil tivesse sido eliminado nas oitavas, pelo Chile, ou nas quartas, pela Colômbia, nossos jogadores tomariam o avião para seus clubes no exterior, e vida que segue. O Brasil é que não teria para onde voltar. A Copa é --era-- aqui.

De repente, bem ou mal, salvos pelas traves e com gols de zagueiros, estamos nas finais. Considerando-se o que não jogamos até agora, o que vier é lucro. E, sem Neymar para salvar a pátria com seu talento solitário, nossa responsabilidade diminuiu ainda mais. Até para nós mesmos, deixamos de ser favoritos. Ficamos livres da obrigação de ser campeões --o que também não deixa de ser uma bênção.

E que pode resultar num fogo divino, a fazer com que o Brasil redescubra nas duas últimas partidas o futebol que pareceu ter desaprendido nas cinco primeiras.


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