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Opinião

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Sem ele, por ele

Passado o primeiro instante de perplexidade e desconsolo, o Brasil parece ter reagido do melhor modo possível à notícia de que não contará com Neymar nos derradeiros jogos da Copa do Mundo.

O duríssimo impacto que sofreu no jogo com a Colômbia terá provavelmente imposto, à torcida e aos demais jogadores, um espírito ainda mais combativo para o confronto de hoje, com a Alemanha.

Esta, de resto, tem sido uma Copa surpreendente. Seleções tidas como fracas exigiram reservas insuspeitadas de esforço dos que julgavam fácil derrotá-las. Equipes como a Costa Rica e a Argélia demonstraram o que significa, mesmo para quem não dispõe de notáveis qualidades técnicas, a vontade de não se render aos prognósticos da opinião abalizada.

Neymar também surpreendeu seus críticos. Ainda que seja um daqueles raros jogadores capazes de decidir sozinhos uma partida, não se acomodou no papel de astro, tão frequentemente mimado. Longe disso, treinou com intensidade e alternou lances de grande talento com a disposição para buscar a bola nos pés do adversário.

Podia-se ver, em cada jogo, a certeza do craque de que esta seria a "sua" Copa. Não há como não lamentar a dramática frustração de sua expectativa depois do choque com o colombiano Zúñiga --que merece reprovação, mas sem os rancores de linchamento moral presentes nos mais inconformados.

Cumpre agora aos demais jogadores da seleção brasileira fazer com que, mesmo sem Neymar, esta continue a ser a "sua" Copa, na medida em que se deixa definitivamente de lado a perspectiva do favoritismo fácil e ufanista.

Contra o México, o Chile e a Colômbia, os atletas brasileiros tiveram de lutar encarniçadamente --e lutaram. Não foi diferente o percurso da Alemanha: empatou com a seleção de Gana, não teve facilidades contra os Estados Unidos, tampouco contra a Argélia.

Armada de oratória heroica e rigor classicista, a sentença de um dramaturgo francês talvez mereça ser lembrada, apesar das disparidades do contexto: "Ao vencer sem perigo, triunfa-se sem glória". Não estamos, é claro, no palco da guerra entre mouros e espanhóis, imortalizada tragicamente em "O Cid", de Pierre Corneille.

Entretanto, dado o impacto emocional que uma Copa exerce entre nós --e o impressionante empenho físico, técnico e anímico de tantos jogadores brasileiros, conscientes como nunca desse fato--, não será errado encarar a ausência de Neymar como uma motivação a mais para o jogo que se aproxima.


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