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Carros sem sentido

Produzem fumaça, são responsáveis por altos índices de mortes e causam dependência. Não apenas os cigarros correspondem a tal descrição. De um certo ponto de vista, o recurso aos automóveis particulares vai se tornando o equivalente, no século 21, daquilo que foi o tabagismo nas últimas décadas.

Mesmo em cidades como São Paulo, cresce a consciência de que é incerto e problemático o futuro dos carros, ao menos da forma como são utilizados hoje em dia.

Se o futuro pertence a gerações cada vez mais conectadas por aparatos eletrônicos, vale chamar a atenção para uma tendência internacional que prescinde --ao contrário do que se deu com o cigarro-- de proibições e vigilância estatal.

Em algumas cidades, dos aplicativos que localizam o táxi mais próximo vai-se passando à etapa em que é possível combinar caronas com pouca antecedência, a um simples toque de teclas.

Sistemas de mobilidade urbana "on demand", como se convencionou dizer, são a aposta de Helsinque, na Finlândia. O exemplo, por certo, é dos mais distantes, e não só do ponto de vista geográfico. Mas sua ambição merece destaque.

A ideia, segundo reportagem do jornal britânico "The Guardian", é tornar praticamente sem sentido o uso do transporte individual (a menos que seja em bicicletas, bem entendido) dentro de dez anos.

Um único aplicativo pretende reunir os serviços de localização e planejamento de itinerários urbanos com um sistema de pagamento, que disponibilizaria ao usuário o acesso a bicicletas, minivans e mesmo carros sem motorista.

Em vez de perder tempo na caminhada e na espera do ônibus, os moradores de Helsinque começam a contar com a rede intitulada Kutsuplus: especificam o horário e o local em que desejam ser apanhados e seu destino final. Embora tenham de pagar mais do que pelo ônibus comum, gastam menos do que com um táxi.

Seria irrealista imaginar que uma cidade como São Paulo, com suas imensas deficiências no serviço de transportes públicos, vislumbre um futuro sem carros particulares, tal como pretendido para os 600 mil habitantes da pacata, ainda que gélida, capital finlandesa.

Tanto quanto nas necessárias obras em infraestrutura, todavia, também nos meios eletrônicos de comunicação e na mudança dos costumes parece encontrar-se a chave para destravar o impasse do transporte urbano nos centros brasileiros --infinitamente mais grave e infernal, mas não diverso em sua essência, do que ocorre em outras partes do mundo.


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