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Bernardo Mello Franco

Deixem Brizola em paz

SÃO PAULO - Há algo de novo nas eleições do Rio de Janeiro além da sensação generalizada de que nunca foi tão difícil votar para governador. Nos últimos dias, três candidatos sinalizaram que vão disputar o espólio do líder trabalhista Leonel Brizola (1922-2004), primeiro político a chegar duas vezes ao Palácio Guanabara pela vontade popular.

Por muito tempo, Brizola foi tratado como um espantalho de eleitores. O segundo mandato catastrófico, a adesão inexplicável ao governo Collor e as brigas com os herdeiros políticos isolaram o velho caudilho, que teve um fim melancólico nas urnas. Na última eleição, em 2002, amargou um humilhante sexto lugar na corrida ao Senado.

Dez anos depois de morrer, Brizola voltou a ser visto como um chamariz de votos. Lindbergh Farias (PT) se aliou aos netos dele e anunciou que vai imprimir seu retrato em santinhos. Luiz Fernando Pezão (PMDB) negociou a adesão do PDT, hoje um feudo de Carlos Lupi, o ex-ministro faxinado sob suspeita de corrupção. Anthony Garotinho (PR) tirou as fotos com o ex-aliado do fundo da gaveta e avisou que vai exibi-las na TV.

Todos prometem recuperar os Cieps, escolas de tempo integral idealizadas por Darcy Ribeiro, projetadas por Oscar Niemeyer e abandonadas por todos os governantes que sucederam Brizola. O histórico dos candidatos, no entanto, indica que eles não inspiram confiança.

Lindbergh é cria de Lula, o "sapo barbudo" que Brizola nunca engoliu e tentou derrubar no fim da vida, acusando-o de trair os trabalhadores. Pezão representa um governo que, em oito anos, rasgou a cartilha brizolista na segurança e na educação. Garotinho chegou ao governo pelo PDT e fez o possível para desmanchar o partido. Ao sair, jogou sua bandeira no chão e disse que ele se juntou aos que "assassinaram Getúlio Vargas".

Os três deveriam deixar a memória de Brizola em paz e procurar outros argumentos para tentar convencer o eleitor a não anular o voto.


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