Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Ruy Castro

Um morto de US$ 23 bilhões

RIO DE JANEIRO - Um tribunal da Flórida (EUA) condenou a companhia de cigarros R. J. Reynolds, fabricante do Camel e do Pall Mall, a pagar US$ 23 bilhões de indenização à viúva do fumante Michael Johnson Sr., que morreu de câncer do pulmão em 1996. Segundo a sentença, a Reynolds "foi negligente ao informar os consumidores sobre os riscos do tabagismo". Ué. Há décadas os maços de cigarros já não eram obrigados a estampar essas informações, mesmo que ainda não ilustradas por fotos de órgãos em decomposição?

Imagine agora se alguém resolve processar os fabricantes de Rivotril, Lexotan e Lorax porque eles não advertem na embalagem que esses ansiolíticos --tão liberalmente receitados pelos nossos médicos-- criam dependência e sua abstinência produz irritabilidade, ansiedade, cólicas abdominais, náusea, vômito, febre alta, psicoses, delírio e convulsões.

O mesmo quanto aos fabricantes de anfetaminas como Pervitin, Ritalina ou Dualid. Serão obrigados a proclamar pelo alto-falante que seus produtos podem causar angústia, insônia, depressão, agressividade, alucinações visuais e táteis, paranoias, coceira, dores no peito, arritmia cardíaca, esquizofrenia e tendência ao suicídio?

E a singela maconha? Seu fornecedor já lhe contou que, entre outros efeitos, ela interfere nas conexões entre os neurônios, provoca inflamações no sistema respiratório (um baseado equivale a cinco cigarros) e compromete a coordenação e a capacidade motora, tornando perigoso, por exemplo, dirigir?

Foi bom saber que, morto, Johnson Sr. passou a valer US$ 23 bilhões --cem vezes o passe do Messi. Como quase todo mundo, também fumei durante anos --às vezes, os mesmos Camel e Pall Mall. Deixei de fumar em 2005 e continuo na praça, mas deve haver um jeito de rosnar para a Reynolds e levar uns trocados.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página