Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Kenneth Maxwell

Esperando Godot

"Esperando Godot" é uma peça de Samuel Beckett na qual Vladimir e Estragon esperam interminavelmente e em vão pela chegada de alguém chamado Godot. A peça estreou em janeiro de 1953 no Théâtre de Babylone, em Paris. Beckett em seguida traduziu seu texto original do francês para o inglês, e a peça estreou em Londres em 3 de agosto de 1955, no Arts Theatre. Irlandês, Beckett recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1969. O romancista, dramaturgo e diretor de teatro de vanguarda morreu em 1989 na Irlanda. Suas obras eram sombrias, tragicômicas e se tornaram cada vez mais minimalistas.

Beckett viveu a maior parte de sua vida adulta em Paris. Depois da ocupação alemã em 1940, ele se integrou à resistência francesa. Quando sua unidade foi traída para a Gestapo, ele fugiu para o sul, para a pequena aldeia de Roussillon, no departamento de Vaucluse, na Provence-Alpes-Côte d'Azur. Raramente falava sobre esse período de sua vida. Em 1945, foi condecorado com a Croix de Guerre.

O presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu estão se comportando mais ou menos como os maltrapilhos mendigos Vladimir e Estragon. Não que algum deles pareça reconhecer o fato. O presidente Obama, em conversa privada ouvida por jornalistas franceses em novembro de 2012, disse ao presidente Nicolas Sarkozy, falando sobre Netanyahu, que "você está cansado dele, mas eu tenho de lidar com ele com muito mais frequência que você". A situação só piorou, de lá para cá.

Gaza vive só mais uma de suas crises. O governo israelense demonstra desdém escancarado por Obama e pelo secretário de Estado John Kerry, mas o Congresso dos EUA apoia Israel e o que quer que os israelenses façam. Putin demonstra igual desprezo por Obama.

O Brasil não criticou a Rússia por sua anexação da Crimeia ou pelo apoio continuado à insurgência no leste da Ucrânia. Os companheiros do Brasil no grupo Brics tampouco o fizeram. O Brasil criticou Israel "vigorosamente" pelo "uso desproporcional de força" em Gaza. Em resposta, Yigal Palmor, do Ministério do Exterior de Israel, definiu o Brasil como um "anão diplomático". O Hamas demonstra igual intransigência, e por motivos históricos igualmente poderosos.

Os problemas de Gaza e da Ucrânia são tão perigosos exatamente porque todos os lados têm posições inamovíveis, fortalecidas por certezas quase bíblicas ou nacionalistas, e se aferram a objetivos imutáveis e inflexíveis, pelos quais é muito mais fácil lutar e insultar do que buscar qualquer compromisso duradouro.

Como os sombrios personagens de Beckett, todos eles esperam em vão, e interminavelmente, por Godot.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página