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Opinião

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Brasão das armas

Saíram do Irã e da Síria a tecnologia e muitos dos componentes dos mísseis lançados pelo Hamas em direção a Israel. Por sua vez, o sistema que intercepta esses foguetes e evita danos maiores do lado israelense foi construído com financiamento americano.

Também vêm dos Estados Unidos muitos dos mísseis, tanques, corvetas e helicópteros usados na ofensiva israelense contra Gaza, que ainda conta com softwares e equipamentos britânicos e de outros países ocidentais.

Fazem sentido, nesse contexto, os apelos por um embargo ao comércio de armas para os dois lados em conflito. Esse é o pleito, por exemplo, da Anistia Internacional, que se ampara em evidências do que tem considerado crimes de guerras cometidos por israelenses e palestinos --ainda que em escalas distintas.

Nada indica, infelizmente, que reivindicações desse gênero venham a prosperar. Para além de questões de política internacional e diplomacia, há o poderoso componente econômico da indústria bélica --e, quanto a isso, EUA, Israel e Irã estão entre os protagonistas.

Em 2013, as despesas globais nessa área chegaram ao valor de US$ 1,75 trilhão, segundo estudo do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo. Tal montante representa quase 80% do PIB brasileiro, a sétima maior economia do mundo, com um total de US$ 2,25 trilhões no ano passado.

Essa é uma das razões para que a cautela prevaleça mesmo quando governos anunciam restrições às exportações bélicas.

Foi assim com o Reino Unido, que nesta semana divulgou a revisão de contratos de R$ 30 bilhões com Israel. Até que o processo tenha fim, contudo, mantém-se o volumoso fluxo --o que torna a medida praticamente inócua.

Para a Espanha, limitar o comércio de armas foi simples: em 2013, as vendas para israelenses somaram US$ 6,7 milhões, 1% das exportações de seu setor bélico.

Há, no entanto, exemplos de maior firmeza na própria Europa, ainda que em outro front.

Na esteira das sanções anunciadas pela União Europeia à economia da Rússia pelo estímulo de seu governo às ações separatistas na Ucrânia, a Alemanha foi além e revogou um contrato militar de US$ 165 milhões com o Kremlin.

O poderoso setor industrial da maior economia do continente ficou insatisfeito. Contra-atacou afirmando que as medidas podem prejudicar o crescimento alemão e aumentar o desemprego.

São consequências que nenhum governante gostaria de levar a seu país, mesmo que decorram de razões eticamente corretas.


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