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Hélio Schwartsman

Origens do pensamento

SÃO PAULO - O título ambicioso, "A Natural History of Human Thinking" (uma história natural do pensamento humano), se justifica. Seu autor, Michael Tomasello, é um dos mais importantes antropólogos evolucionistas, com incursões pela psicologia e pela linguística (é um dos principais críticos ao nativismo de Chomsky), e vem já há vários anos avançando suas hipóteses e as guarnecendo com dados empíricos colhidos em duas décadas de pesquisas com humanos e macacos.

Nesse contexto, o livro não traz revelações acachapantes. Tomasello reapresenta sua tese de que o principal fator a distinguir o pensamento humano do de outras espécies de primata é a "intencionalidade conjunta", mas o faz de maneira bastante sistemática, descrevendo as mais recentes pesquisas na área e mostrando suas bases científicas e filosóficas. O resultado é um texto denso e persuasivo, ainda que por vezes difícil.

Tentando resolver uma questão que desde Darwin intriga pesquisadores, Tomasello sustenta que o que diferencia a cognição humana da de chimpanzés é a intencionalidade conjunta, ou seja, a disposição que nós apresentamos --e eles não-- para cooperar com os semelhantes.

Não é que os grandes macacos sejam seres antissociais, incapazes de colaborar uns com os outros. Eles caçam juntos e até guerreiam, mas o fazem com uma mentalidade bastante individualista. Já humanos revelam desde a mais tenra idade uma inteligência social bem mais cooperativa, que os leva a compartilhar estados mentais e pensamentos com seus parceiros a fim de coordenar ações. Foi essa propensão, diz Tomasello, que deu origem à linguagem, com a qual desenvolvemos a capacidade de refletir sobre nossas próprias ideias, criar normas e tudo o que se seguiu.

Se essa hipótese é correta, ela constitui mais um golpe contra a visão hobbesiana do homem como um ser puramente egoísta pronto a devorar seus semelhantes.


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