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Carlos Heitor Cony

Opinião da vaca agonizante

RIO DE JANEIRO - Nossa época está sendo marcada pela abundância de opiniões. Jornais, TVs, livros e até mesmo passeatas e manifestações cívicas são pródigas em emitir uma opinião geralmente polêmica ou completamente imbecil.

Bem verdade que o palco mundial oferece condições para todo mundo ter uma opinião sobre isso ou aquilo. Nada de admirar que uma vaca, que não lê jornal nem assiste televisão nem mesas redondas, tenha também opiniões.

Na antiguidade, tínhamos vacas sagradas que não chegavam a emitir opinião porque não tinham opinião sobre nada. De um tempo para cá, com a fartura de opiniões mais disparatadas, é natural que uma vaca em fim de carreira resolva falar por si e por todas as suas ancestrais desde que saiu da arca de Noé.

Desprezando suas opiniões sobre o cotidiano do Brasil e do mundo, anotei algumas verdades e uma delas, com prazo de validade extinto, reclama ou enaltece determinados problemas que ainda não soubemos resolver. Um deles é o que fazer com as pesquisas eleitorais que geralmente são macetadas. Já falam na vitória de dona Dilma no segundo turno, sendo que o primeiro ainda não se realizou. E que Dunga repetirá os mesmos erros de Felipão, levando ou não Fred para a seleção.

A vaca em questão herdou de suas ancestrais uma sabedoria plácida que pode ser considerada bovina. Ela não acredita na transposição do rio São Francisco, nem na queda da inflação, tampouco na justa distribuição de renda que os candidatos presidenciáveis prometem todos os dias.

Roberto Rossellini, o grande diretor de "Roma, Cidade Aberta", pretendeu fazer um filme sobre uma baleia agonizante. Correntes marítimas levaram o enorme cetáceo para uma praia no Pacífico. Um repórter investigativo quis saber por que ela estava ali. E o que ela achava do mundo em geral. A baleia não respondeu.


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