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Vladimir Safatle

Números não mentem

Todo brasileiro reconhece que educação e pesquisa são nossos problemas mais decisivos. Por isso, a sociedade tem o direito de formar sua opinião a respeito do que acontece em seu mais importante centro de pesquisas e formação a partir do maior número de dados possíveis. A solução da crise pela qual passa a Universidade de São Paulo exige um debate público e aberto a respeito das responsabilidades do estado brasileiro e de seus entes federados.

No entanto, há de se reconhecer que a sociedade não tem recebido as informações necessárias para criar um quadro claro a respeito das causas da situação difícil pela qual a USP passa atualmente. Como se costuma dizer, números não mentem.

Nos idos de 1989, a USP tinha 31.897 alunos de graduação, além de 8.486 mestrandos e 4.428 doutorandos.

Em 2012 este número era 58.303 alunos na graduação (aumento de 83%), além de 13.836 mestrandos (aumento de 63%) e 14.662 doutorandos (aumento de 231%). Só entre 1995 a 2012, a universidade passou de 132 cursos oferecidos a 249, contabilizando um aumento de 88,6%, com toda a necessidade de investimento em infraestrutura para tais cursos novos. O que não deveria nos estranhar, já que, neste período, a universidade incorporou ou criou campi como os de Lorena, Santos e a USP Zona Leste.

Agora, e isto deve ser realmente sublinhado, mesmo com tal ampliação substantiva, o número de professores no mesmo período cresceu apenas 4%, passando de 5.626 a 5.860, ou seja, praticamente nada. Mas o mais impressionante é que o número de funcionários simplesmente caiu (sim, caiu) 5%, passando por sua vez de 17.735 a 16.839.

Dessa forma, a relação aluno/professor aumentou de 8 por 1 para 15 por 1 neste período, o que está longe de configurar uma instituição "inchada", como nos foi sugerido.

Só a título de comparação a relação aluno/professor em Harvard é 7 por 1. A Universidade Católica do Chile teria passado a USP em certos rankings internacionais exatamente por ela ter uma relação aluno/professor menor. Com o congelamento da contratação de novos professores, a situação será ainda pior.

O que se tira disto é que os professores e funcionários da universidade precisam responder por mais atividades com um salário que, comparado ao recebido em 1989 por um docente, teve o seu poder de compra reduzido em 9,5%.

Estes números demonstram que a USP tornou-se uma universidade de massa em plena expansão sem ter recebido do Estado as condições para tanto. Ela é apenas um capítulo a mais da demissão do Estado em relação à educação pública.


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