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Opinião

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Trânsito parado

O descompasso entre o aumento da frota de veículos e o desenvolvimento da infraestrutura de transporte urbano tem provocado constante deterioração das condições de mobilidade no Brasil.

Dados de uma pesquisa inédita da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) mostram que, em 438 municípios com mais de 60 mil habitantes, a quantidade de veículos cresceu 92% no período de 2003 a 2012, enquanto a ampliação de vias foi de 16%.

Por mais que as condições para a circulação de automóveis e motocicletas possam ser melhoradas, é impossível que obras viárias acompanhem o ritmo de aquisição de novos meios individuais e assegurem fluidez ao trânsito.

Seria um contrassenso, além disso, direcionar o gasto público para uma estratégia que se revela fadada ao fracasso. A experiência internacional, os especialistas e o bom senso indicam ser necessário, antes, aumentar a oferta e a eficiência do transporte coletivo. No Brasil, as políticas governamentais na área têm sido insuficientes.

Na comparação com outros países, o mercado automotivo brasileiro ainda é dos mais promissores --e não por acaso atrai fabricantes multinacionais.

Fazendo parte de uma cadeia produtiva que potencializa o emprego e dinamiza a economia, a indústria automobilística recebe tratamento privilegiado do governo federal, que concede incentivos fiscais e facilidades com vistas a estimular o consumo.

Por certo que a elevação da renda dos brasileiros e o acesso a bens como automóveis são fatores positivos. O uso do transporte individual, porém, precisa ser regrado e contido. Não haverá condições satisfatórias de mobilidade se o carro continuar a ser o protagonista do sistema.

É imperioso induzir a troca dos deslocamentos feitos em meios individuais pelos coletivos. Não é mudança trivial, como se vê na capital paulista, onde a situação, faz tempo, chegou a ponto crítico.

As tentativas de desestimular o uso do automóvel esbarram em problemas políticos e práticos. Numa cidade que há anos adotou o rodízio, novas limitações, como a redução do espaço para carros em prol de faixas ou corredores exclusivos de ônibus, geram irritação. Mais ainda quando os resultados imediatos são parciais e as opções --a começar pelo metrô-- não suprem a contento a demanda.

Não há, contudo, alternativa. Investir em transporte público é o caminho a seguir.


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