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Kenneth Maxwell

Uma virada no jogo

A trágica morte de Eduardo Campos em um desastre de avião na semana passada perturbou profundamente as expectativas quanto ao resultado da eleição presidencial brasileira. Pesquisa do Datafolha conduzida entre 14 e 15 de agosto mostrou que Marina Silva tinha 21% e Aécio Neves, até então o principal desafiante, 20% das intenções de voto. Dilma Rousseff manteve 36%, mas seu índice de rejeição é de 34%, enquanto o de Marina Silva é de apenas 11%. Em simulação do segundo turno, Marina tinha 47% ante 43% para Dilma. Nos dois casos, há empate técnico. Por ora, nada está decidido. O resultado da eleição está em aberto.

Uma coisa é certa: Marina será uma oponente formidável para Dilma. Ela já é uma figura nacional e bem conhecida internacionalmente. Há muito vem defendendo o meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e a justiça social. É crítica escancarada da corrupção endêmica na política brasileira. Foi uma das oito pessoas escolhidas para carregar o estandarte olímpico na Cerimônia de Abertura da Olimpíada de Londres em 2012. Já disputou a presidência em 2010, pelo Partido Verde, recebendo 19% dos votos.

Como o ex-presidente Lula, Marina não precisa de instrução acadêmica sobre a pobreza ou a disparidade social brasileira, que ela viveu e superou. Nascida no Acre em 1958, ela é uma dos 11 filhos de um seringueiro. Descendente de portugueses e afro-brasileiros, ficou órfã aos 16 anos e se mudou para Rio Branco, onde aprendeu a ler e escrever. Tornou-se colega de Chico Mendes, o lendário líder dos seringueiros, unindo-se a ele em manifestações contra a destruição da floresta amazônica, o que conduziu ao assassinato de Mendes por latifundiários em 1988.

Fundadora do PT, Marina foi eleita para o Senado e serviu como ministra do Meio Ambiente no governo de Lula, até renunciar quando, em seu segundo mandato, Lula apontou Roberto Mangabeira Unger, professor de Direito na Universidade Harvard, como ministro de Assuntos Estratégicos e atribuiu a ele a responsabilidade pelos projetos de sustentabilidade na Amazônia. Ela recebeu caloroso apoio em manifestações de massa quando, em 20 de junho de 2013, mais de 1,5 milhão de brasileiros saíram à rua em todo o país em protesto contra a má qualidade dos serviços públicos. Marina é pentecostal devota, membro do florescente e politicamente poderoso movimento evangélico brasileiro.

O setor empresarial, que quer qualquer pessoa que não Dilma na Presidência, talvez agora precise aprender a conviver com uma adversária mais formidável e carismática. De fato, com o passar do tempo, a carrancuda Dilma pode parecer o menor perigo. Ninguém pode dizer que a política brasileira não produz surpresas.


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