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Ruy Castro

Ricos meninos pobres

RIO DE JANEIRO - Em sua autobiografia "O Filho do Trapeiro", Kirk Douglas escreveu: "Meus filhos não tiveram a vantagem que eu tive. Nasci pobre". Kirk, filho de judeus russos, tinha 30 anos quando fez seu primeiro filme. Isso foi em 1946. Mas, dois ou três filmes depois, tornara-se um astro de Hollywood e seus meninos já nasceram com uma colher de prata na boca.

Reportagem de Flávia Barbosa, correspondente de "O Globo" em Washington, publicada há dias, descreve como alguns dos homens mais ricos dos EUA decidiram legar grande parte de sua fortuna a projetos de caridade, pesquisa e educação, deixando aos filhos apenas um trocado para o bonde e o cafezinho --para obrigá-los a descobrir e investir em suas capacidades, em vez de se contentarem com a profissão de herdeiros.

Entre os bilionários listados por Flávia estão Chuck Fenney, fundador das lojas Duty Free, o tubarão do petróleo T. Boone Pickens, o papa das finanças Warren Buffett, todos hoje perto dos 90, e jovens como Bill Gates, da Microsoft, Mark Zuckerberg, do Facebook, e os roqueiros Gene Simmons e Sting. "Não acredito em riqueza dinástica", diz um deles. "Meus filhos nunca serão ricos com meu dinheiro. Terão de levantar da cama, trabalhar e ganhar o seu", diz outro. "Deixar o dinheiro para os filhos não é bom para eles, nem para a sociedade", diz um terceiro.

Você entendeu. Nos EUA, essa atitude produz bibliotecas, museus, hospitais. Agora olhe ao seu redor no Brasil e tente se lembrar de histórias parecidas, que tenham resultado em projetos meritórios, perpetuando o nome de seu benfeitor e prestando serviços à cidade ou ao país.

A frase de Kirk Douglas é boa, mas, na prática, ele não foi coerente. Um dia, ao saber que seu garoto Michael fora despedido de uma peça de teatro, comprou os direitos de produção e lhe deu o papel principal.


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