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Opinião

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Paula Cesarino Costa

Ventos da mudança

RIO DE JANEIRO - Foi como um ensaio tupiniquim para aqueles tornados e tufões no exterior que só nos chegam pela televisão. Mas sem mortos ou feridos. Fenômeno raro por aqui, foi rápido e surpreendente.

A ventania alcançou quase 100 km/h. A lagoa encheu-se de ondas, como se mar fosse. De modo surrealista, telhados e grades amanheceram na copa de árvores. Galhos desabaram sobre carros, troncos derrubaram postes e interditaram ruas.

Uma sinfonia dodecafônica incomodava a cidade desde a madrugada: o uivar impressionante dos ventos, os sons agudos do estilhaçar dos vidros, pontuados pelas batidas secas de quedas de lixeiras, placas e madeiras, sirenes intermitentes dos carros de bombeiros e os roncos das serras que cortavam árvores caídas.

Fustigadas pelos ventos, as palmeiras imperiais que embelezam a antiga corte se curvavam como se estivessem em saudação ao imperador.

Pela manhã, a lagoa Rodrigo de Freitas estava amarfanhada. Uma paisagem retorcida, onde antes havia imponência e harmonia. De tarde, o céu se pintou de azul, mas a ameaça de novos ventos deixava tensão no ar.

Nos dias antecedentes, as folhas das amendoeiras (ou chapéu-de-sol) forravam ruas e calçadas da cidade. Uma imagem deslocada do outono. Estranha beleza arranjada em montes de folhas amarelo-alaranjadas.

Foi um suave sinal de que as antes raras tragédias climáticas batem à porta com força estrondosa. Um caso simbólico de que os ventos da mudança chegaram. Poucos estavam preparados para ele.

Foi uma lufada de justiça em meio ao marasmo do futebol a decisão inédita do Superior Tribunal de Justiça Desportiva de excluir o Grêmio da Copa do Brasil após ofensas de torcedores contra o goleiro Aranha, do Santos. Que os ventos fortes carreguem o racismo para longe.


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