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Opinião

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No topo se fala inglês

Não há muita razão, diante da lista da consultoria Thomson Reuters que tem só quatro brasileiros em meio aos 3.215 pesquisadores mais influentes do mundo, para alimentar o "complexo de vira-lata" de que falava Nelson Rodrigues.

O levantamento se baseia no 1% de trabalhos científicos de maior repercussão entre os publicados de 2002 até 2012.

Quase todos os membros dos Brics têm pouquíssimos representantes nesse Olimpo. A Índia, com população muito maior e tradição de intercâmbio com instituições anglo-saxãs de pesquisa, exibe meros nove cientistas relacionados.

A Rússia, herdeira do sistema soviético de ciência e tecnologia, que por décadas rivalizou com a usina americana de conhecimento, ostenta cinco nomes. A África do Sul tem 50% a mais que o Brasil, mas são só seis --com amostras tão pequenas, as comparações perdem significação estatística.

Resta o caso da China. São 150 pesquisadores no topo delineado pela Thomson Reuters a partir das citações de artigos científicos (medida de comparação mais aceita). Mais útil que se abater com essa desproporção é interrogar-se sobre o que está por baixo dela. Uma pista são os próprios perfis dos quatro brasileiros destacados.

Adriano Nunes Nesi estuda fisiologia de plantas na Universidade Federal de Viçosa (MG). Tem no currículo seis anos de pesquisa no Instituto Max Planck, da Alemanha, período em que publicou muitos dos trabalhos mais citados.

Álvaro Avezum trabalha no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (SP). Integrou a equipe de gigantesco estudo internacional sobre fatores de risco para o infarto.

O químico Ernesto Gonzalez, da USP de São Carlos, especialista em células de combustível, passou por universidades do Reino Unido, da Argentina e da Venezuela. O físico Paulo Artaxo, da USP, estuda o clima e a Amazônia. Participa do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).

Qualquer um pode perceber que o traço comum aos quatro são a experiência e as colaborações internacionais. Sem publicar em inglês com grupos de instituições consagradas, a ciência brasileira seguirá quase invisível para o mundo.

A China se deu conta disso há tempos. Quase todos os seus periódicos científicos relevantes já são editados em língua inglesa, e suas universidades se internacionalizaram rapidamente. Não há caminho alternativo a seguir.


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