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Eduardo Giannetti

Carbonização

Desgraça pouca é bobagem. O recém-publicado relatório da consultoria PwC sobre a evolução do índice de carbonização nas principais economias do mundo adiciona uma nova dimensão à safra de péssimos indicadores colhidos pelo Brasil nos últimos anos. Como na economia, qualidade da educação e nota de crédito, não é só que paramos de avançar --é que regredimos.

O índice de carbonização mede o volume de gases de efeito estufa emitido por unidade de PIB. Por razões metodológicas, ele inclui as emissões associadas ao uso de combustíveis fósseis e geração de eletricidade, mas não o impacto da agropecuária e desmatamento.

A boa notícia do relatório é que, pela primeira vez desde que teve início a divulgação do índice há seis anos, as principais nações emergentes (E7) reduziram a intensidade de carbono das suas economias a uma taxa maior que os países avançados (G7). Entre 2012 e 2013 a queda no E7 foi de 1,7% (liderada por China, Índia e México) ao passo que no G7 foi de apenas 0,2%.

Ainda que o cômputo geral --redução de 1,2%-- fique aquém do necessário para limitar o aquecimento global a 2°C até o final do século, o resultado do E7 mostra que é perfeitamente possível crescer e descarbonizar ao mesmo tempo. Em 2013, o PIB real do E7 cresceu 5,4% contra apenas 1,3% do G7.

A nota dissonante ficou por conta do Brasil. Apesar de um crescimento pífio --menos da metade do verificado no E7 no ano passado--, conseguimos a proeza de ocupar a pior colocação no ranking mundial: aumento de 5,5% na intensidade de carbono por unidade do PIB em 2013.

O resultado reflete em parte o uso prolongado das termelétricas a óleo e carvão em virtude da estiagem. Mas não é só isso. Se tomarmos a média do período 2008 a 2013, o Brasil foi ainda o país que mais carbonizou a economia. Enquanto a Austrália, com crescimento semelhante ao nosso, teve queda de 4,6% ao ano em média na intensidade de carbono, no Brasil ele subiu 1,8% ao ano no quinquênio.

O fato é que o governo Dilma, além de levar o país à estagflação, colocou-nos na contramão da economia verde, ao subsidiar o consumo de derivados de petróleo nos transportes, forçar a redução das tarifas de energia e relegar as fontes renováveis de eletricidade. Para ter noção do atraso brasileiro, basta lembrar que a capacidade eólica instalada hoje nos EUA equivale à metade da energia gerada pela totalidade do nosso parque elétrico.

Depois de anos em queda, o desmatamento na Amazônia voltou a aumentar. Pior que crescer pouco ou carbonizar o PIB, só mesmo uma combinação judiciosa da duas coisas. E não é que o Brasil tem se esmerado!


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