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Opinião

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O estado da Argentina

Insistindo no intervencionismo econômico que tem afundado a economia da Argentina, congressistas aliados da presidente Cristina Kirchner aprovaram, na semana passada, uma nova legislação que aumenta o controle do Estado sobre o setor privado.

De acordo com o projeto que reforma a antiga Lei de Abastecimento, o governo poderá fixar margens de lucro das companhias, confiscar produtos caso considere seus preços abusivos e até determinar o volume a ser fabricado.

A fim de planejar suas ações, o Estado argentino terá acesso quase irrestrito a documentos internos das empresas privadas.

A presidente, que deve sancionar a lei nos próximos dias, argumenta que tais instrumentos são necessários para coibir a especulação e, com isso, combater a inflação. Segundo os pouco confiáveis indicadores oficiais, a alta de preços acumulada de janeiro a agosto atingiu 18,2%; consultorias independentes estimam quase o dobro.

Embora a iniciativa sugira desespero político de uma gestão desgastada, ninguém duvida de que Cristina acredite estar fazendo o melhor para seu país. O erro de diagnóstico, contudo, é grave: a economia argentina está em frangalhos por causa das excessivas intervenções estatais, e não a despeito delas. A nova medida equivale a ministrar açúcar a um diabético.

Sob o kirchnerismo, o país sofre com nacionalizações arbitrárias, tabelamento de preços, controle cambial e desmedida regulação do comércio exterior.

O resultado é a queda de produtividade e de investimento. No ano passado, o investimento estrangeiro direto na Argentina caiu 25%, segundo a Cepal, entidade regional da ONU. Apesar de ainda ser a segunda maior economia da América do Sul, ficou em quinto lugar na atração de capital internacional.

Se o passado recente da Argentina não bastar, sobram exemplos na região de que se trata de estratégia fracassada. Nem é preciso evocar o Brasil dos anos 1980; guardadas as diferenças, tomem-se os estragos provocados pela hipertrofia do Estado na Venezuela chavista, aliada do regime Kirchner.

Inimigo do capital privado, o país governado por Nicolás Maduro enfrenta uma das inflações mais altas do mundo (63,4% no acumulado de 12 meses) e precisa racionar a venda de produtos básicos, como leite e carne.

Caso implemente de fato mais controles sobre o setor privado, o governo argentino só aumentará os problemas que promete combater.


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