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Opinião

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Reserva com as reservas

Criadas no Brasil a partir de 1990, as reservas extrativistas surgiram como modelo intermediário entre o inconsequente ímpeto destrutivo da Amazônia e o conservacionismo radical, para o qual a atividade humana é incompatível com a preservação ambiental.

Embora tenham desacelerado o desmatamento, essas áreas ainda estão distantes do ideal de desenvolvimento sustentável.

Reportagem desta Folha mostrou que a reserva Chico Mendes, no Acre, enfrenta sérios problemas: comércio de madeira, desmatamento para formação de pastagens além do limite autorizado e venda de colocações --como são chamadas as parcelas de floresta a que cada seringueiro tem direito.

Administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a reserva tem só um fiscal para a área de quase 1 milhão de hectares, o equivalente a seis vezes o município de São Paulo. Mas a questão principal nem é a vigilância, mas a falta de alternativas econômicas às famílias da região.

Boa parte das ilegalidades se dá com a cumplicidade de seringueiros. Incapazes de se manterem com a exploração da borracha e outros produtos da floresta, muitos repassam suas áreas ou recorrem à pecuária e à venda de madeira.

Apesar das dificuldades, as reservas paralisaram o desmatamento. Ainda que a Chico Mendes tenha perdido 8% de sua cobertura original, ela é hoje o único grande fragmento de floresta do Baixo Acre, região tomada pela pecuária.

As dificuldades se repetem em outros locais. Relatório feito pelo Tribunal de Contas da União no ano passado mostrou que só 4% das unidades de conservação da Amazônia têm gestão eficiente.

No caso específico das reservas extrativistas, 21 das 33 áreas analisadas não possuem sequer um plano de manejo da unidade, requisito básico para a exploração ordenada dos recursos florestais.

Experiências bem-sucedidas na América Central mostram o potencial dos projetos de manejo. Na região do Petén (norte da Guatemala), áreas destinadas a esse fim registraram uma taxa de desmatamento acumulada de 0,02% entre 1986 e 2007, enquanto os parques nacionais sofreram perda de 0,41% no mesmo período.

Resultado de confrontos entre fazendeiros e extrativistas, a implantação dessas reservas no Brasil foi um avanço, mas sua consolidação depende de projetos socioeconômicos eficientes. Do contrário, atrasarão o desmatamento, mas não serão uma alternativa a ele.


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