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Ruy Castro

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RIO DE JANEIRO - Aconteceu na praia do Arpoador, no último fim de semana. Mas poderia ter sido em qualquer praia ou fim de semana. Junto à pedra de onde os turistas aplaudem o pôr do sol, PMs desconfiaram do figurino de um garoto. Quando o revistaram, deram com um celular --que, na delegacia, ele admitiu ter roubado dias antes. Aos 16 anos, esta foi a sua 17ª passagem pela policia, sempre por roubo ou furto.

Com ele havia mais três adolescentes, todos cheirando solvente de tinta. E outros três jovens foram detidos na areia com armas de brinquedo. Como se sabe, uma tática desses garotos é simular uma briga para, instaurada a correria, sair assaltando os banhistas. Há duas semanas, houve uma sequência de pequenos arrastões na praia. Naquela tarde, os PMs levaram 50 suspeitos para a delegacia. Apenas seis continuaram presos.

Todos os dias sou acordado pelo rádio despejando propaganda eleitoral. Ainda entre o sono e a vigília, sinto-me a bordo do trem-fantasma no mafuá ou assistindo às antigas comédias de terror com Abbott e Costello. É um pesadelo humorístico. O grau de simulação e cinismo dos candidatos é de tal ordem que me faz dispensar aqueles dez minutos de cochilo extra e saltar da cama o mais depressa possível.

Pelo que ouço --ou pelo que não ouço-- no rádio, a criminalidade jovem inexiste para os candidatos aos cargos majoritários. Tudo bem, é uma questão tópica, menor, se comparada aos grandes temas da economia e da política --estes, sim, adultos e essenciais. Mas envolve nada menos que a segurança, a justiça, a juventude, a saúde pública e a educação. Não devia ser também importante, além de urgente?

Muitos dos meninos que hoje entram e saem das delegacias já têm idade para votar. Em quem votarão? Outros atingirão essa idade nas próximas eleições --se chegarem até lá.


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