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Ruy Castro

Bleargh!

RIO DE JANEIRO - A Pont des Arts, uma ponte de Paris mandada construir por Napoleão, sobreviveu a duas guerras mundiais. Mas pode desabar ao peso do amor --dos cadeados que milhares de casais aplicam às suas grades (com os nominhos rabiscados a chave), trancam e jogam a dita chave no rio Sena, supondo que, com isso, seu amor ficará "trancado" para sempre.

Há dias, uma parte da grade veio abaixo sob 500 kg de cadeados. Calcula-se que a ponte esteja hoje com 60 toneladas dessa praga --que está se espalhando por outros monumentos da Europa. Nas praças mais turísticas, como Londres, Amsterdã ou Praga, já se vendem cadeados em forma de coração e pode-se gravar os nomes no ato da compra. A mania está chegando a São Paulo. Os primeiros cadeados apareceram na praça do Ciclista, na avenida Paulista.

Os "cadeados do amor" equivalem a outras cafonices, como despedir-se mandando beijos no coração --bleargh!-- ou fazer o gesto do coraçãozinho com as mãos para insinuar amor. Que cantores mandem beijos no coração e jogadores de futebol façam o coraçãozinho depois de um gol, é normal. Nem tanto quando se trata de candidatos à presidência da República. Sem falar no novíssimo e já extinto "É tóis!" --abreviatura, me parece, de "Eta, nóis!"--, criado por Neymar e repetido na TV por Dilma poucas horas antes dos 7 x 1 da Alemanha.

Competem em cafonice a pessoa dizer-se "guerreira"; declarar no Facebook que está "num relacionamento sério"; e, de modo geral, usar o Facebook como se ele fosse a revista "Contigo" --com todo respeito pela "Contigo". E a breguice mais recente está em tirar "selfies" dentro da cabine de votação, posando ao lado da cara do candidato na tela.

Não é apenas contra a lei. Quem garante que, um dia, você não desejará apagar a prova de que votou no Tiririca ou no pastor Feliciano?


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