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A saúde do caudilho

É possível, quem sabe até previsível, que a recidiva do misterioso câncer abdominal do presidente Hugo Chávez desencadeie maré de solidariedade na Venezuela capaz de contra-arrestar o que seria a reação política mais natural: um protesto contra a evidente manipulação do eleitorado no pleito presidencial de outubro.

Chávez, afinal, trombeteou dos palanques que estava curado da doença. Embora tenha derrotado de forma inquestionável o candidato oposicionista Henrique Capriles (55% a 44%), um grau maior de transparência sobre a moléstia poderia ter dado rumo diverso à campanha, uma vez trincada a aura de invencibilidade e fortaleza que cercava o presidente.

O líder e ideólogo-mor do chamado "socialismo bolivariano" segue o figurino clássico do populista na América Latina. Conquista o apoio direto da população para esvaziar e sujeitar instituições, de partidos e sindicatos a Judiciário e Parlamento. Molda a Constituição para se perpetuar no poder -que detém há 14 anos com a dilapidação da renda do petróleo em benesses sociais insustentáveis.

O país involui, e só essa regressão política e institucional explica que Chávez possa manter seus milhões de seguidores fiéis na quase completa ignorância sobre a própria enfermidade. Até hoje não se conhece a localização, a extensão e a natureza exatas do tumor (ou tumores) que o acomete.

Para tudo há limite, porém. A caminho da quarta cirurgia em Cuba, Chávez não pode mais ocultar a gravidade da situação, ainda que, mais uma vez, sem esclarecê-la.

Temendo pelo pior (morte ou impedimento definitivo), dita aos venezuelanos quem lhes cabe escolher, na nova eleição que provavelmente terá de ser convocada, para dar sobrevida ao regime chavista: Nicolás Maduro, 50, o sindicalista que ungira vice-presidente no pleito de outubro, quando se reelegeu.

Maduro, militante de primeira hora do Movimento Bolivariano Revolucionário-200 (MBR-200), criado por Chávez após tentar derrubar o presidente Carlos Andrés Pérez em 1992, é dado como representante da ala civil moderada do Partido Socialista Unido da Venezuela. Apesar de popular, há dúvidas sobre sua capacidade de manter coesas as alas do PSUV, na ausência de seu comandante.

Um Chávez debilitado -ou um Maduro recém-entronizado- enfrentará outro teste decisivo de autoridade nas eleições regionais de 16 de dezembro. O desempenho da oposição indicará se o chavismo ainda reúne forças para sobreviver ao próprio Hugo Chávez.


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