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Opinião

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Mochilas blindadas

As seguidas tragédias provocadas por atiradores ensandecidos nos Estados Unidos elevaram a procura por um item ainda pouco conhecido no Brasil: as mochilas escolares a prova de balas.

Uma loja de armas de Salt Lake City que comercializa o produto relata ter recebido 200 pedidos em apenas um dia logo após o massacre de Newtown, em dezembro, que resultou na morte de 20 crianças e seis funcionários da escola primária Sandy Hook.

O acessório já existe há alguns anos. A Backpackshield ("mochila-escudo"), do Texas, começou a vender mochilas blindadas "a pais protetores e preocupados" em 2007, após a morte de 32 pessoas na Universidade Virginia Tech.

O preço é alto, mas não chega a ser proibitivo. A BulletBlocker ("bloqueadora de balas"), de Massachusetts, oferece versões entre US$ 209 (R$ 424) e US$ 469 (R$ 952), incluindo um modelo com camuflagem militar. "A segurança de seu filho: ter sua mente em paz é o nosso negócio", diz o slogan.

De fato, é difícil ficar tranquilo. Após o último massacre, encorpou nos EUA o debate sobre restrições à compra de fuzis. Como consequência, a procura por armas aumentou -muita gente quer garantir a sua enquanto há tempo. Só em dezembro, 2,8 milhões de pessoas solicitaram antecedentes criminais -um termômetro da venda de armas.

O comércio aquecido sugere a força do lobby armamentista e aponta para os problemas que o presidente Barack Obama terá para aprovar medidas restritivas. Seria ingenuidade, contudo, supor que apenas nos EUA o mercado da segurança privada se alimenta da insegurança pública.

Segundo dados oficiais, existem no Brasil 1.500 empresas que atuam no setor e 540 mil vigilantes. Um estudo da Organização dos Estados Americanos, porém, estima números maiores: 2.904 empresas e 1.675.415 profissionais -contra somente 330.940 policiais.

Mau sinal. Sempre que o Estado falha em regular os relacionamentos humanos, ressurge o fantasma da guerra de todos contra todos e a tentativa de converter cada canto em uma fortaleza.

No Brasil, a demanda por mochilas blindadas é pequena, já que episódios como o da escola do Realengo, em 2011, são raros. Mas arrastões, em condomínios ou restaurantes, fazem parte do cotidiano de muitas cidades brasileiras.

Parcelas crescentes da população buscam saída em couraças particulares, mas cabe ao Estado oferecer uma solução coletiva a esse problema da vida pública.


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