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Opinião

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Ana Estela de Sousa Pinto

Pinheiros - Princesa Isabel

SÃO PAULO - Ônibus chegando ao ponto final, o cobrador sai da catraca e conversa com o motorista. Fecha-se o sinal sob o viaduto.

- Vê se pode. O sujeito tem terra e casa no "norte", mas vem para São Paulo ficar vivendo na rua.

- Até parece que tu não veio de lá. De que adianta ter casa sem o que comer? Aqui ele não morre de fome.

O diálogo seria só uma alegoria interessante do embate cotidiano entre a necessidade e o desejo. Mas, neste ano, pode ser uma introdução conveniente para uma conjunção de fatores que promete afetar economia e política.

Num cruel e hipotético duelo de carências, alimentos derrotam os tetos. Mas encha-se um pouco o estômago e ele libera o corpo para o que, de fato, mantém vivo um homem: o desejo. E é aqui que o jogo vira.

Diga a palavra "sonho" e muitos entre dez completarão: "da casa própria". Nesse momento, o panorama econômico está abrindo uma janela de ouro para juntar as duas pontas desse devaneio imobiliário.

De um lado, a oferta: na busca por mais crédito com menos riscos, os bancos ampliaram os recursos para financiar imóveis, e a tendência deve se acelerar nos próximos meses.

De outro lado, a demanda: nunca faltou vontade de comprar o próprio lar, mas se comprometer com um bem caro cujo pagamento levará décadas é um passo que depende de expectativa de segurança.

O pleno emprego e a renda em alta fortalecem essa decisão. Como a fatia do orçamento destinada a pagar dívidas também caiu, pode estar sobrando o dinheiro que faltava.

É fato que o rendimento dos brasileiros é ainda desproporcionalmente baixo em relação aos extraordinários preços dos apartamentos. Mas, com crédito barato, o que importa? O que importa é que as prestações caibam no bolso, ensinam as hiperbem-sucedidas redes de varejo popular.

Não é para menos que os grandes investidores, que são tudo menos bobos, mantêm os olhos compridos para o setor de construção civil.


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