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Ruy Castro

Um pouco de infertilidade

RIO DE JANEIRO - A revista "Human Reproduction", da Universidade de Oxford, na Inglaterra, acaba de publicar uma pesquisa reveladora. Cientistas estudaram 26 mil homens pelos últimos 17 anos e concluíram que o sêmen desses senhores piorou em quantidade e qualidade. A taxa de espermatozoides por mililitro caiu em 32,2% no período (significando bilhões de espermatozoides demissionários). Já a de espermatozoides morfologicamente "anormais" -ou seja, sem cabeça, sem cauda ou que não sabiam nadar- cresceu.

Como se não bastasse essa quebra (provocada, segundo eles, por poluição, drogas, junk food, obesidade, estresse e outras pragas modernas), há também os contraceptivos, que podem tornar frustrante a vida de um espermatozoide. Como se sabe, dos milhões de espermatozoides que saem nadando feito loucos numa ejaculação, só um vencerá a prova -apenas para, ao bater a mão no ladrilho, descobrir que foi em vão, porque, se a mulher usar pílula, por exemplo, não haverá um único óvulo na piscina para fecundar.

Ou quando os espermatozoides, depois de quebrar todos os recordes no nado de peito, dão de cara com uma parede de látex -a camisinha. Ou ainda, se for um "ato solitário", os infelizes simplesmente cairão no abismo, quase sempre no vaso sanitário, e irão embora com a descarga.

Os peritos em fertilidade se preocupam. De minha parte, não vejo nada de muito grave. O mundo já tem gente de sobra, e um pouco de infertilidade garantirá cidades mais confortáveis, filas menores nos restaurantes e menos fãs do padre Marcelo.

O inexplicável é que, apesar de tudo isso -espermatozoides meia-bomba, pílula, camisinha-, a população não para de crescer. E, com toda a poluição, drogas, junk food, obesidade e estresse de seus pais, as crianças estão cada vez mais altas, saudáveis e bonitas.


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