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Incógnita em Israel

O inesperado avanço dos partidos de centro na eleição de Israel contrariou as expectativas generalizadas de uma vitória folgada da coalizão liderada pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

O país se dividiu ao meio, com 61 cadeiras para a direita e as legendas ultraortodoxas e 59 para a centro-esquerda e as siglas árabes. Isso cria uma incógnita sobre a composição do novo governo, dada a dificuldade para compatibilizar num mesmo gabinete partidos de posições antagônicas.

O partido de Netanyahu, o Likud Beitenu, saiu debilitado da votação -perdeu 11 das 42 cadeiras que possuía-, mas permanece o maior do país. Seu enfraquecimento dificultará bastante a construção de uma sólida coalizão belicista para apoiar planos de atacar as instalações nucleares do Irã.

Sem forte respaldo interno, dificilmente o novo governo conseguirá levar adiante sua aventura militar no país persa, sobretudo num momento em que Netanyahu só tem colecionado reveses no front externo, como a reeleição de Barack Obama nos Estados Unidos e a decisão da ONU de reconhecer a Palestina como Estado observador.

Essa conjunção de fatores poderia abrir caminho para a retomada das negociações sobre o programa nuclear do Irã em bases mais serenas -especialmente após a saída do presidente Mahmoud Ahmadinejad, impedido pela lei iraniana de se candidatar a um terceiro mandato na eleição de 14 de junho.

Em relação ao problema palestino, porém, permanecem obscuras as perspectivas de solução.

O aliado natural de Netanyahu no novo governo seria o partido de extrema-direita Bait Yehudi (Lar Judaico), liderado pelo empresário Naftali Bennett -que defende a anexação de 60% dos territórios ocupados e o encerramento das negociações: "Nunca haverá um plano de paz com os palestinos".

Apoiado pelos colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém oriental -mais de 500 mil numa população total de Israel de 7,9 milhões-, o partido de Bennett ganhou 12 cadeiras.

Terminou, porém, ofuscado pela legenda centrista Yesh Atid (Há Futuro), do apresentador de televisão Yair Lapid, que elegeu 19. Sondado para um ministério, Lapid atacou os privilégios dos ortodoxos na campanha, mas manteve silêncio sobre a questão palestina.

Embora cerca de 60% dos israelenses declarem apoiar a criação de um Estado palestino, a maioria rejeita a devolução de todos os territórios ocupados e a partilha de Jerusalém, o que tem inviabilizado todas as negociações desde 2000.

Após a eleição, a Autoridade Palestina pediu a retomada do diálogo, mas Netanyahu resiste. O ideal seria que um novo aliado, como Lapid, pudesse recolocar o primeiro-ministro no caminho da paz.


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