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Opinião

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O ouro do campeão

Quem acompanha ocasionalmente campeonatos olímpicos de judô sem dúvida já terá experimentado a sensação de não conseguir acompanhar, devido à rapidez dos golpes e à proximidade física entre os contendores, como se deu exatamente o lance que determinou o desfecho do combate.

Devendo sua eleição para a Câmara Municipal de São Paulo, em boa parte, à popularidade conquistada como campeão olímpico, o vereador Aurélio Miguel (PR) parece dever o ouro que acumulou em sua conta bancária a movimentos ainda mais difíceis de entender.

Uma lancha e 17 automóveis são a parte menos notável do seu patrimônio. Há também 25 imóveis, no valor estimado de R$ 25 milhões, em seu nome ou nos de suas duas empresas -a Aurélio Miguel Administração de Bens e a Inter Sports.

Apesar de vultosa, a fortuna do vereador ainda poderia passar sem grandes reparos, não fosse o fato de sua súbita multiplicação. Como revelou esta Folha, Aurélio Miguel possuía apenas R$ 1,4 milhão em bens (nos valores de hoje) quando foi eleito pela primeira vez à Câmara Municipal, em 2004.

Sua riqueza é mais de 15 vezes maior agora. O crescimento se tornou especialmente expressivo a partir dos anos 2008 e 2009, quando Aurélio Miguel foi presidente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Municipal.

Ele é acusado de ter omitido irregularidades em shopping centers no documento final dessa CPI (que teve como relator o petista Antonio Donato, atual secretário de Governo do prefeito Fernando Haddad). Segundo testemunhas ouvidas pelo Ministério Público, Aurélio Miguel recebeu propinas em dinheiro vivo em troca dessa omissão.

As denúncias coincidem com o fato de que pelo menos oito dos imóveis acrescentados ao portfólio do vereador após 2008 foram pagos em espécie. Em uma nota, Aurélio Miguel nega essa informação e diz que as aquisições foram feitas por meio de transações bancárias, com recursos provenientes de seu patrimônio.

Segundo o Ministério Público, seriam compatíveis com os rendimentos de Aurélio Miguel apenas os imóveis que declarou em seu próprio nome à Receita -metade dos quais, entretanto, omitiu em relatório à Justiça Eleitoral. Outros 13 imóveis, além disso, estão em nome de suas empresas -e atraem as suspeitas das autoridades.

Com os sigilos bancário e fiscal agora quebrados pela Justiça e sob ameaça de cassação, o ex-judoca terá de fornecer explicações mais detalhadas sobre as manobras em que se envolveu longe do tatame.


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