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Alertas ignorados

Governantes falham na realização de obras e moradores reagem de modo irracional ao se recusarem a abandonar áreas de risco

Ninguém desconhece que os meses de verão correspondem no Brasil a um período de forte incidência de chuvas. Tampouco se podem ignorar as catástrofes ocasionadas pelos temporais da estação, que ora se repetem, com a morte de mais de 20 pessoas -além de centenas de desabrigados- na região serrana fluminense.

Mais uma vez, deslizamentos de encostas, que também se verificaram no litoral norte paulista, trazem consequências funestas para a população que vive nessas áreas de risco -em geral, famílias de baixa renda em habitações precárias.

O aumento do processo de favelização conspirou para agravar as consequências dos temporais. Em janeiro de 2011, como se sabe, mais de 900 pessoas perderam a vida na serra do Estado do Rio -naquela que se considera a maior tragédia provocada por causas naturais no país.

Em meio ao desastre, autoridades municipais, estaduais e federais apressaram-se em anunciar medidas para remediar a situação e prevenir novas emergências e mortes. As chuvas particularmente volumosas dos últimos dias demonstram que as providências não foram suficientes.

Em primeiro lugar, porque parte delas nem sequer se transformou em realidade. Um misto de burocracia, inépcia administrativa e conveniências políticas, nos planos federal, estadual e municipal, tem contribuído para a baixa execução de recursos em obras preventivas ou voltadas para abrigar as vítimas das intempéries.

Em 2012, apenas 32% (R$ 1,8 bilhão) das verbas federais destinadas a esse fim foram desembolsadas. E, desde agosto do ano passado, a região serrana conta com R$ 545 milhões para dragagem, desassoreamento e canalização de rios, mas não se tem notícia de licitação concluída.

Outro aspecto a levar em conta é a resistência de moradores em abandonar suas casas quando alertados sobre riscos iminentes. Embora possa ter soado como nota inoportuna, no momento da tragédia, a declaração da presidente Dilma Rousseff sobre famílias que não responderam aos alertas, trata-se de um tema a ser enfrentado.

O prometido Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) foi inaugurado em 2012 para avisar a população sobre a possibilidade de enchentes ou deslizamentos. Na serra fluminense, sirenes soaram, mas muitos ficaram nos locais ameaçados.

É preciso que as autoridades acelerem as obras e, ao mesmo tempo, atuem de maneira mais incisiva para que as zonas sob maior risco sejam evacuadas. Compreendem-se os dilemas de quem termina por permanecer em casa, mas é uma decisão irracional, cujas consequências podem ser fatais.


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