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Chipre, epicentro europeu

Chipre ocupa área pouco maior que a da Grande São Paulo. Produz o equivalente a dois milésimos da economia da União Europeia. Não chega a 1% da produção brasileira. Ainda assim, a crise cipriota reavivou temores de que, pelo terceiro ano consecutivo, um tumulto financeiro contribua para adiar a retomada econômica da Europa.

Outra vez, a desastrada intervenção da União Europeia (UE), do Banco Central Europeu (BCE) -sob a liderança da Alemanha- e do Fundo Monetário Internacional (FMI) amplificou a crise.

No final da semana passada, UE e BCE decidiram conceder um empréstimo ao superendividado governo cipriota sob a condição de que os correntistas dos bancos do país compartilhassem a conta. Parte dos depósitos, entre 6,75% e 9,99%, seria confiscada em troca de ações dos bancos, muitos deles em sérias dificuldades.

A decisão obviamente causou revolta entre cipriotas e também entre russos, que fazem largas operações com os bancos da ilha. Mais relevante, porém, foi o precedente aberto pela tentativa de impor um confisco disfarçado de imposto. Mesmo os pequenos poupadores e correntistas seriam afetados.

A mensagem evidente foi a de que ninguém na União Europeia está protegido em caso de crise bancária: um contrato fundamental pode ser rompido.

Um novo tumulto em economias em dificuldades, como as do sul da Europa, pode suscitar uma crise de confiança e até mesmo corridas bancárias: saques de depositantes em pânico com um confisco de seus recursos. Em decorrência, o mercado financeiro europeu passa por estresse agudo.

O Parlamento cipriota rejeitou o programa de socorro financeiro. Mas é certo que as soluções para o problema serão amargas, o que pode criar novos impasses no plano político doméstico.

Sem uma contribuição nacional, o pacote de empréstimos externos teria de ser tão grande que o governo seria incapaz de honrar pagamentos. Logo, é necessária uma combinação de contribuições dos cipriotas mais ricos, dos credores dos bancos e até da Rússia a fim de que se encontre uma saída.

Em termos puramente materiais, o problema cipriota não seria capaz de causar danos à finança e economia continental. Mas a incapacidade política europeia de lidar com mais esta crise pode levantar dúvidas sobre a frágil estabilidade de Grécia, Portugal, Itália e Espanha.

Em 2012, o risco de colapso desses países afetou economias do mundo todo, a do Brasil inclusive.


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