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Paula Cesarino Costa

A culpa é do imperador?

RIO DE JANEIRO - Entra ano, sai ano, como disse um governador durante mais uma tradicional chuva seguida de tragédia em Petrópolis, e tudo acontece de novo. Apenas com mais ou menos mortes.

Uma busca nos arquivos desta Folha mostra a alta frequência de acontecimentos iguais, só considerando Petrópolis. Não caberia neste espaço citar todas as chuvas assassinas.

O ponto de partida, aleatório, é o ano de 1966: mais de 70 mortos, 214 no Estado do Rio. Os meses são sempre os mesmos: de dezembro a março. Para moradores dessa região, Natal e Réveillon são tempos de tensão.

Os eventos e os locais se repetem. Queda de barreiras, enchentes e desabamentos causam mortes em 1971, 1972, 1975 e 1978. Em 1981, um ônibus é soterrado; 50 morrem. Seguem chuva e mortes em 1983, 1986 e 1988 (mais de cem vítimas).

Os anos de 1990, 1991, 1992, 1994, 1995, 1996 e 1998 têm chuvas, soterramentos e mortes de famílias inteiras.

O Natal de 2001 chega com 20 mortos. Em 2003, morrem 17 pessoas, 13 da mesma família. E mais em 2004, 2007, 2008, 2009 e 2010. Em 2011, mais de 900 mortos na região toda.

Petrópolis viu mais presidentes e ministros do que a maior parte das cidades. Recebeu verbas e ouviu promessas. Aumentou a população que vive em áreas de risco. Registrou desvios de recursos e projetos inacabados. Enterrou muitos corpos e deixou vários outros na lama.

Não dá para ouvir a justificativa de que "choveu em um dia mais do que o previsto para o mês". Há décadas tem sido assim... Não adianta só monitoramentos de chuvas e rios, apitos, retiradas às pressas, medidas emergenciais de contenção de encostas. Cabe tanta gente em área tão instável? Espera-se o anúncio do já feito e resolvido. Não do porvir.

Numa tragédia que se repete como farsa, só resta colocar a responsabilidade em quem inventou de subir a serra. A culpa é do imperador?


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