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Deputado enfrenta manifestantes e dá ordem de prisão

Protestos contra Feliciano na Comissão de Direitos Humanos da Câmara terminam com duas detenções

Acusado de racismo, pastor pede prisão de antropólogo, diz que venceu barreira e que 'democracia é isso'

DE BRASÍLIA

A Câmara teve ontem mais um dia de protestos, com tumulto e detenção de dois manifestantes contrários ao deputado e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) -eleito no começo do mês presidente da Comissão de Direitos Humanos e acusado de homofobia e racismo.

Um dos manifestantes foi detido por tentativa de invasão do gabinete do deputado e outro, por ordem do próprio Feliciano, por insultá-lo.

"Aquele senhor de barba. Chama a segurança. [Ele] me chamou de racista. Racismo é crime. Eu quero que ele saia preso daqui", afirmou Feliciano, na direção do antropólogo Marcelo Reges Pereira, 35, que acabou sendo arrastado da sala por integrantes da Polícia Legislativa.

Alvo de protestos desde que foi eleito em razão de declarações polêmicas sobre gays e negros, Feliciano nega racismo ou homofobia.

Ele ignorou anteontem as pressões do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e de líderes partidários para abrir mão da presidência da comissão.

Ontem, após a confusão, Feliciano proibiu a presença de manifestantes e comemorou ter conseguido terminar a sessão. "Conseguimos vencer uma barreira e mostramos que democracia é isso."

O deputado afirmou que não pretende ceder às pressões. "Não renuncio de jeito nenhum. O que os líderes podem fazer com a minha vida? Eu fui eleito pelo voto popular e pelo voto do colegiado."

Ele negou que esteja em meio a uma crise. "O que está em crise são vocês [jornalistas], falando besteiras e coisas que não existem."

GABINETE

O antropólogo detido estava com outros 19 colegas que receberam senhas para participar da sessão. "Estão me prendendo porque sou negro, pobre e gay", gritou.

Após ser levado ao Depol (Departamento de Polícia) da Câmara e prestar depoimento, foi liberado pelos agentes.

Antes de acusar Feliciano de racismo, Marcelo Pereira e outros manifestantes enfrentaram um grupo de evangélicos que foi à Câmara para dar apoio ao deputado.

Depois da primeira detenção, como os protestos seguiam, Feliciano suspendeu a sessão, trocou a reunião de sala e impediu a presença do público. Irritados, outros integrantes de movimentos sociais tentaram a invasão do gabinete do deputado.

Em mais uma confusão com policiais da Câmara, Alysson Prata, 21, servidor público, também foi detido para prestar esclarecimentos.

Demonstrando marcas de hematomas no braço, Alysson passaria por exames do Instituto Médico Legal porque alegou ter sido agredido.

A Polícia Legislativa vai tomar depoimento do deputado para depois avaliar se abre um inquérito do caso.

Segundo Geraldo Martins, diretor de Coordenação de Polícia Jurídica da Câmara, a conduta dos agentes também será alvo de avaliação.

Apesar de Feliciano ter pedido a prisão do manifestante, o crime de injúria não prevê prisão em flagrante.

O regimento da Câmara autoriza que o presidente de uma comissão determine a retirada de pessoas que apresentem comportamento que prejudique os trabalhos.

Feliciano tem apoio do comando do PSC. Ele foi indicado para assumir a função depois que outros partidos abriram mão da Comissão de Direitos Humanos para ficar no comando de outras.

Integrantes do PMDB e do PR, que são da bancada evangélica, também defendem sua permanência no posto.

O líder do PSC, André Moura (SE), fez discurso ontem no plenário com ataques ao PT.

Lembrou que os deputados petistas José Genoino e João Paulo Cunha, condenados no julgamento do mensalão, foram indicados para a Comissão de Constituição e Justiça.

"O PT não pode criticar a escolha do PSC. Como indica dois mensaleiros para a CCJ? Esses deputados do PT deveriam exigir que eles não fossem indicados também."


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