Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Suspeitas sobre juiz afastado eram conhecidas no tribunal desde 2006

Ex-presidente do TJ diz que descartou acusações porque na época testemunhas não quiseram depor

Advogado reafirmou denúncia em março, deflagrando processo para investigar conduta de desembargador

FLÁVIO FERREIRA DE SÃO PAULO

As suspeitas sobre pedidos de dinheiro a advogados feitos pelo desembargador Arthur Del Guércio Filho, que levaram ao afastamento dele do Tribunal de Justiça de São Paulo, nesta semana, chegaram à cúpula da corte paulista em 2006.

O desembargador aposentado Celso Limongi, que presidiu o tribunal há sete anos, afirmou que à época advogados levaram a ele denúncias verbais contra Del Guércio.

Limongi disse que iniciou uma apuração e chegou até a ouvir o desembargador acusado. Depois, porém, os advogados se recusaram a formalizar as acusações e não foi possível prosseguir nas investigações, segundo o ex-presidente do TJ.

"Eu investiguei, e mais, chamei o desembargador [Del Guércio] e disse a ele que havia comentários sobre corrupção relativos a ele. Mas nenhum advogado quis prestar depoimento e aí eu não tinha prova nenhuma", disse.

O então presidente da seção de direito privado do tribunal, desembargador Ademir de Carvalho Benedito, foi outro integrante da cúpula do TJ a tomar conhecimento das denúncias em 2006.

À época, ele ouviu exatamente um dos depoimentos usados pelo Órgão Especial do TJ para afastar Del Guércio na quarta-feira.

O relato foi o do advogado Clito Fornaciari Júnior, que em 2006 tinha um processo de inventário a ser julgado pela câmara em que Del Guércio atuava. De acordo com Fornaciari, o cliente dele nessa causa foi procurado pelo desembargador.

Del Guércio mostrou ao cliente "o voto que ia dar no caso" e disse: "Meu voto, você já viu, é aquilo mesmo, está muito bom, excelente, vou adotar, mas os outros membros da câmara que não querem me acompanhar e pediram R$ 120 mil", segundo afirmou Fornaciari.

Benedito confirmou à Folha que recebeu o relato verbal de Fornaciari e repassou a denúncia ao então presidente Limongi. Disse, porém, que não teve notícia sobre apurações posteriores, e isso lhe "causou estranheza".

Limongi, todavia, negou ter sido informado sobre essa denúncia específica.

Nas investigações do TJ iniciadas no mês passado, também foi colhido o depoimento do desembargador Gilberto de Souza Moreira, que em 2006 era colega de Del Guércio na 7ª Câmara de Direito Privado.

Na apuração ele disse que Del Guércio procurava outros magistrados para propor soluções "descabidas" em alguns casos.

À Folha Moreira disse que os outros desembargadores que atuavam na câmara ficaram sabendo das suspeitas e exigiram que Del Guércio deixasse o colegiado. Segundo o desembargador, após a pressão dos colegas, o juiz suspeito tirou férias e pediu remoção para outra câmara.

Para Moreira, Del Guércio não foi afastado à época, pois provavelmente não foram obtidas provas concretas contra o desembargador.

Indagado sobre as suspeitas surgidas em 2006, o advogado de Del Guércio, José Luis Oliveira Lima, disse que "não cabe à defesa se manifestar sobre conjecturas e ilações".

Sobre o afastamento do juiz, Lima disse que o processo foi sumário e que em sua defesa ficará provada a inocência de Del Guércio.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página