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Barbosa foi grosseiro e antidemocrático, dizem magistrados

Após tensa reunião com o presidente do STF, associações de juízes dizem que ele agiu de forma imprópria para o cargo

No encontro, realizado anteontem, ministro discutiu com juízes por causa do projeto que cria 4 TRFs no país

DE BRASÍLIA

As três principais entidades de juízes do país acusaram ontem o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, de agir de forma antidemocrática, "desrespeitosa, premeditadamente agressiva, grosseira e inadequada para o cargo".

Anteontem, em reunião no STF, Barbosa acusou representantes dessas entidades de atuar sorrateiramente para aprovar novos tribunais regionais federais no país.

A nota das entidades diz que ao permitir, "de forma inédita", que a imprensa acompanhasse a reunião, Joaquim "demonstrou a intenção de dirigir-se aos jornalistas e não aos presidentes das associações, com quem pouco dialogou, pois os interrompia sempre que se manifestavam".

O texto foi assinado pelos presidentes da Ajufe (juízes federais), Nino Toldo, da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Nelson Calandra, e da Anamatra (juízes do Trabalho), João Bosco de Barcelos Coura.

O encontro anteontem intensificou ainda mais o clima beligerante entre o Supremo e a base do Judiciário desde que Barbosa assumiu a presidência do tribunal, em novembro do ano passado.

Em sua posse, por exemplo, o presidente do STF criticou magistrados que atuam politicamente para garantir promoções. Neste ano, reclamou de suposto "conluio" entre juízes e advogados.

Em outra ocasião, criticou congressos de juízes patrocinados por empresas em resorts de luxo.

SAIA JUSTA

O que era para ser um encontro diplomático se transformou num puxão de orelha. Irritado, Barbosa afirmou que os juízes induziram senadores e deputados ao erro na aprovação da emenda constitucional que criou os quatro tribunais.

Apostou que suas sedes serão construídas exatamente nos "resorts e grandes praias" e chegou a pedir a um dos dirigentes da Ajufe para abaixar o tom e só falar quando fosse autorizado.

Para as entidades, Barbosa "mostrou sua enorme dificuldade em conviver com quem pensa de modo diferente do seu, pois acredita que somente suas ideias sejam as corretas".

No STF, o colega Marco Aurélio Mello afirmou que o episódio é "muito ruim para a instituição e para todos os magistrados". Reservadamente, outros ministros também lamentaram o ocorrido.

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil chamou de "impertinentes" e "ofensivas" as declarações de Barbosa.

Senadores também reagiram às declarações. Relator no Senado da proposta de emenda constitucional que criou os tribunais, Jorge Viana (PT-AC) disse que Barbosa "errou feio" e adotou atitude que "deseduca".

O presidente do Supremo não se manifestou sobre as críticas.


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