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Análise

Não será fácil reavivar projeto envelhecido precocemente

MARCELO CAVALLARI ESPECIAL PARA A FOLHA

Em 1982, ainda sob a ditadura, o Brasil vivia a primeira eleição direta para governador desde o golpe de 64. O PT, fundado com participação de setores da Igreja Católica, fazia sua estreia. O muro de Berlim continuava em pé. Para muitos, inclusive padres, o futuro ainda parecia socialista.

Naquele ano, a CNBB, então dominada pela Teologia da Libertação, dizia: "Fenômeno estritamente eclesial, as CEBs [...] tornaram-se um novo modo de ser igreja'. Pode-se afirmar que é ao redor delas que se desenvolve e se desenvolverá cada vez mais, no futuro, a ação pastoral e evangelizadora".

Em 1984, a Teologia da Libertação foi condenada pelo então prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger. Em 1992, ano seguinte à dissolução da União Soviética, a CNBB via as CEBs como "uma maneira de ser igreja [...] inspirada na mais legítima tradição eclesial".

Tradução: o que se pretendia como grande futuro da Igreja reduziu-se a uma entre várias possibilidades.

Gestadas nos anos 1950 e 60, as CEBs pretendiam garantir maior acesso dos leigos à igreja. O enfoque voltado à realidade em que os fiéis viviam e a maior presença no meio rural tornaram as CEBs presas fáceis da Teologia da Libertação. Com o recuo da teologia e a urbanização, as CEBs perderam peso.

Ao falar das CEBs, o Documento de Aparecida, relatório do encontro do Conselho Episcopal Latino Americano, sob a direção de Bento 16 em 2007, relata "progressos alcançados" no continente dos últimos anos: "Foram sendo superados os riscos de redução da igreja a sujeito político, com melhor discernimento dos impactos das ideologias".

O clima "outro mundo é possível" ainda prevalece. Na Intereclesial das CEBs de 2012 estavam presentes figuras da esquerda cristã: d. Tomás Balduíno, Leonardo Boff e Marina Silva. O primeiro é bispo emérito, isto é, aposentado; o segundo se apresenta como professor, não mais padre; e a terceira virou evangélica. O tema, ecologia, é bem menos revolucionário. Não será fácil revitalizar um projeto envelhecido tão precocemente.


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