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Datafolha, 30

Instituto completa três décadas de atividade como referência em pesquisas eleitorais e com um rico acervo de estudos sobre o comportamento da população brasileira e os seus costumes

DE SÃO PAULO

O Instituto de Pesquisas Datafolha completa hoje 30 anos com a marca de 5.485 levantamentos e 7.708.742 entrevistas. Para produzir uma média de 183 estudos por ano, contou com o trabalho de 18.569 pesquisadores.

Mais conhecido por sua credibilidade nas pesquisas eleitorais, o Datafolha tem ainda um vasto acervo sobre comportamento e costumes do brasileiro. Entre os destaques, está o levantamento sobre como se manifesta o preconceito racial, depois lançado em livro ("Racismo Cordial", ed. Ática, 1995).

"Creio que a maior contribuição do Datafolha foi fixar um padrão de isenção política e rigor estatístico inédito no país. Presente em todas as pesquisas do instituto, esse padrão se tornou marca registrada no campo eleitoral, propiciando ao eleitor um instrumento seguro para nortear suas decisões", diz Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha.

"O Datafolha ajudou o Brasil a se conhecer melhor", afirma Antonio Manuel Teixeira Mendes, superintendente da Folha que comandou o instituto de 1984 a 1994.

Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, cita a série DNA Paulistano, por tratar-se do "maior e mais abrangente retrato da cidade de São Paulo". Todas essas pesquisas estão à disposição do público na USP e na Unicamp.

"Quem desejar estudar o país nos últimos 30 anos terá de usar os dados do Datafolha", diz Antonio Manuel.

Na área esportiva, o instituto também foi pioneiro. Na década de 1980, começou a fazer o levantamento estatístico de partidas de futebol, o "scout". Criticado no início, hoje é natural ouvir, na TV, debates sobre o número de passes certos e errados.

Criado em 1983 como departamento de pesquisas e informática do Grupo Folha da Manhã, o Datafolha tinha como objetivo inicial oferecer conteúdo e ser uma ferramenta de planejamento da Folha.

No início dos anos 80, o Brasil convivia com uma rede de telefones de péssima qualidade e de pouco acesso. Pesquisas telefônicas tornavam-se inviáveis. Levantamentos domiciliares também eram caros e demorados.

Era necessário criar um sistema confiável e transparente para aferir a opinião das pessoas, sobretudo durante processos eleitorais --quando o humor dos votantes muda com muita rapidez.

O então publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), foi apresentado a uma metodologia que poderia atender à demanda do jornal. Era do professor Reginaldo Prandi, à época titular do Departamento de Sociologia da USP e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

A ponte entre Frias e Prandi foi Vilmar Faria (1941-2001), que anos depois seria assessor do presidente Fernando Henrique Cardoso. Os sociólogos Reginaldo Prandi, Antonio Manuel Teixeira Mendes e Antonio Flávio Pierucci desenvolveram um sistema que cruza dados geográficos, de renda e sociais. As entrevistas são feitas em grande parte nos locais por onde as pessoas transitam cotidianamente.

A tecnologia de fazer pesquisas com rapidez e precisão permitiu que "em 1989 só o Datafolha mostrasse que Lula chegaria à frente de Leonel Brizola para disputar o segundo turno da eleição presidencial", relata Mauro Paulino.

Para o diretor do instituto, a metodologia "foi criada para aliar a ciência acadêmica à agilidade jornalística".

E os erros eventuais? "Não há instituto de pesquisas que não erre em algum momento. O erro é uma limitação imposta pela ciência estatística ao determinar que em cada levantamento há uma probabilidade de 95% dos resultados estarem dentro da margem determinada e de 5% de estarem fora", responde Paulino.

Mas, na maior parte das vezes, os erros atribuídos às pesquisas são de interpretação. O equívoco está em considerar os números de uma pesquisa como se fossem os resultados das eleições. Uma pesquisa não prevê o que ainda vai acontecer. Apenas constata o cenário do momento em que foi realizada.

O Datafolha não presta serviços para políticos ou partidos. Permanece, assim, blindado de influência sobre seu trabalho. É comum ouvir candidatos dizendo que esperam uma pesquisa do instituto para confirmar uma tendência.

Com sua independência, apontou na frente dos concorrentes tendências importantes em eleições. Por exemplo, a virada de Luiza Erundina sobre Paulo Maluf, na disputa pela Prefeitura de São Paulo, em 1988. Ou a de Mário Covas sobre Maluf, na eleição pelo governo de São Paulo, em 1998. Em 2012, a ascensão e a queda de Celso Russomanno na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

"É o instituto que mostra a cara do Brasil, com agilidade jornalística e precisão científica", diz Mauro Paulino.


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