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Boato sobre o Bolsa Família causa tumulto em 10 Estados

Suposto fim do benefício provoca corrida a agências, filas e depredações

Governo determinou que PF investigue autores da falsa notícia e diz não descartar motivação política

DE BRASÍLIA DO RECIFE DE SÃO PAULO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NATAL

Uma onda de boatos sobre o fim do programa Bolsa Família levou milhares de pessoas no sábado e domingo a lotéricas e agências da Caixa Econômica Federal, para sacarem seus benefícios.

A extensão do boato, que atingiu ao menos dez Estados, provocou longas filas de espera e muito tumulto. Pessoas passaram mal e desmaiaram. Houve brigas e terminais foram depredados.

O governo desmentiu a notícia e determinou a abertura de um inquérito pela Polícia Federal. Todas as possibilidades estão sendo consideradas, inclusive a de motivação política. "Ao que parece, não foi mero acaso, e nenhuma hipótese pode ser descartada", disse o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).

O Bolsa Família, que contempla 13,8 milhões de famílias e completa dez anos em outubro, é o principal programa de transferência direta de renda do governo. Ele tem forte peso político-eleitoral, tendo virado um dos símbolos das gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Além dos boatos sobre o fim do benefício, outros foram difundidos, como o de que o governo federal teria concedido um bônus relativo ao Dia das Mães.

A ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social) concedeu uma entrevista coletiva ontem para assegurar a continuidade do programa. Segundo ela, a verba prevista para o Bolsa Família este ano é de R$ 24 bilhões.

"Não adianta antecipar se houve motivação política no caso. Já está tudo sendo investigado. Esperamos que tenha sido somente um mal-entendido com dimensões muito acima do esperado. Duvido que alguém ache que pode ganhar alguma coisa difundindo esse tipo de informação", afirmou a ministra.

Os Estados mais afetados, conforme análise parcial da Caixa, foram Bahia, Paraíba, Pernambuco, Pará, Ceará, Piauí e Rio de Janeiro. A Folha constatou problemas também em Alagoas, Rio Grande do Norte e Maranhão.

CORRE-CORRE

Em Maceió, a empregada doméstica Jane Cabral, 39, soube da história no fim da tarde de sábado, por meio de uma vizinha.

O relato dizia que Dilma havia autorizado um depósito extra pelo Dia das Mães. Em seguida, a vizinha disse a Jane que a verba precisava ser sacado até o fim do dia.

A doméstica, que recebe R$ 102 do Bolsa Família, foi para uma casa lotérica que funciona dentro de um supermercado. Segundo ela, a fila dava duas voltas no estacionamento do local.

"Era um corre-corre danado, gente querendo furar fila, todo mundo falando e gritando", afirmou. Ela disse que a confusão aumentou quando a lotérica anunciou que o dinheiro havia acabado. "Algumas mulheres saíram no tapa", disse.

Jane diz ainda não ter certeza de que continuará recebendo o benefício. "Minha esperança é que seja mesmo uma mentira", afirmou.

Em Nazaré da Mata (65 km de Recife), a falsa notícia também causou confusão.

A dona de casa Maria Cristiana de Freitas, 31, disse que ao menos uma mulher passou mal e desmaiou no tumulto para sacar o benefício.

Ela recebe R$ 134 e diz que, na cidade, o boato dava conta de que o benefício seria suspenso por três meses.

"Se o Bolsa Família não sair mais, o que vai ser de mim? Não acredito que a presidente vá fazer isso", disse.

No Maranhão, beneficiários relataram depredações a terminais eletrônicos. No Rio Grande do Norte, ao menos nove cidades ficaram com as agências da Caixa lotadas. Em Goianinha e Parnamirim, portas de vidro foram quebradas em protesto.


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