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Análise
Presidente escolhe constitucionalista que compartilha de seus valores básicos
PEDRO ABRAMOVAY IVAR A. HARTMANN ESPECIAL PARA A FOLHALuís Roberto Barroso não é uma escolha de ocasião. Sempre esteve entre os favoritos para o STF nos últimos anos. O constitucionalista está longe de ser um nome tirado do bolso na última hora.
Dilma tem feito escolhas técnicas. Barroso não foge à regra. Mas as escolhas anteriores ancoravam-se no fato de os indicados serem ministros de tribunais superiores. O respaldo de Barroso vem de trajetória na academia e na advocacia pública e privada.
E essa trajetória aponta para outro fato: não se trata de alguém cujas posições políticas e morais sejam desconhecidas. Falta de transparência quanto aos posicionamentos dos candidatos ao Supremo tem sido a regra no Brasil.
Em outros países sempre houve esforço para discutir as convicções de um futuro juiz de corte suprema. Talvez essa nomeação inaugure uma fase em que é visto com naturalidade um presidente indicar um jurista que compartilhe de seus valores básicos.
A trajetória profissional de Barroso sempre colocou em destaque seus entendimentos progressistas. É possível que alguns brasileiros não concordem com todos, mas é muito fácil saber quais são.
Ele é um advogado dos direitos fundamentais, uma escolha que projeta o Supremo como tribunal constitucional, não como corte de recursos sobre impostos, questões processuais ou ações penais.
Uma das maiores contribuições de Barroso será seu conhecimento profundo do tribunal. Ele tem posições públicas --às vezes críticas-- sobre como o STF decide. Terá a oportunidade de tentar colocar suas ideias em prática.