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Análise - Plebiscito

Governo insiste em consulta como 'porta de saída' para a crise

Ao pressionar o Congresso, o Planalto passa a ter uma oposição que nunca foi tão grande, o que embute riscos

O CONGRESSO TEM O ÔNUS DE TER QUE DAR UMA RESPOSTA AO PROBLEMA, MAS O PARLAMENTO É EXÍMIO NA ARTEDE GANHAR TEMPO

IGOR GIELOW DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quando o Datafolha mensurou o apoio de 68% da população ao plebiscito para a reforma política, a expressão "porta de saída" para a crise foi cunhada em tom de comemoração pelo marqueteiro João Santana.

Ficou claro a ele talvez o único acerto do governo na condução da maior crise desde o mensalão: a palavra "plebiscito". Porque não se via nas ruas, nas manifestações de junho, uma massa implorando o voto em lista que é o objeto do desejo do PT.

Ao insistir em plebiscito, o governo aposta que irá imunizar-se ao menos em parte contra a insatisfação popular; afinal, "deu uma resposta". A reforma política em si, antiga obsessão de Lula, era secundária no contexto.

Isso explica o malabarismo verbal dos dois emissários de Dilma Rousseff na negociação com o Legislativo, o vice Michel Temer (PMDB-SP) e José Eduardo Cardozo (Justiça), para dizer que, apesar de todo mundo saber que não dá para fazer plebiscito neste ano para a reforma valer em 2014, o governo o considera "ideal".

O Planalto pressionou um Congresso que viu manifestantes subirem em sua laje há poucas semanas, atropelando o moroso processo legislativo --lá se vão décadas de debate sobre a reforma.

Com isso, a oposição nunca foi tão grande quanto agora. O comando peemedebista do Congresso passou a aprovar projetos e a propor a propalada reforma a toque de caixa, e isso embute riscos enormes para o governo: impraticabilidades fiscais e bruxarias de toda sorte. Até no fim da reeleição já se fala.

Com isso, Temer e Cardozo serviram de bombeiros em um incêndio começado pelo próprio governo. No bastidor, o Planalto vai insistir em um plebiscito no primeiro semestre de 2014, com regras valendo para 2016. Teme perder a sua "porta de saída".

Mas agora o ritmo será ditado pelo Congresso, que está conflagrado. A base aliada tornou-se um pântano de traições e intrigas, de olho na evolução da popularidade de Dilma para aumentar o preço da fatura do apoio ou ainda procurar outro barco.

Recuo após recuo, o ímpeto de Dilma perdeu impacto. De uma constituinte que não vingou às negativas de ontem à tarde, foram duas semanas de desgaste do Planalto.

O Congresso tem o ônus de ter que dar uma resposta ao problema que tem em mãos, mas a história ensina que o Parlamento é exímio na arte de enrolar e ganhar tempo.

Aí entra a variável incontrolável. As grandes manifestações sumiram após o fim da Copa das Confederações, dando lugar a protestos pulverizados. Nada indica que a insatisfação com os políticos diminuiu, porém, e aí talvez o imperativo da "resposta às ruas" volte à ordem do dia.


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