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Atraído por oferta falsa, grupo infla ato de Maluf

Moradores da periferia de SP foram a evento do PP acreditando ser da CDHU

ONG que arregimentou público nega ter dado informação errada; líder do partido diz que oferta não foi da sigla

PAULO GAMA DE SÃO PAULO

Atraídos pela promessa de facilidades para a obtenção de casas populares, centenas de moradores da periferia paulistana compareceram ontem à cerimônia de posse do deputado federal Paulo Maluf na presidência do diretório estadual do PP, o Partido Progressista.

Sem qualquer vínculo com a legenda, boa parte do grupo de não filiados, moradores da Vila Nova Iorque, zona leste da capital, chegou em dez ônibus organizados por um instituto que atua com programas sociais na região.

Eles viajaram 23 quilômetros até a Assembleia Legislativa, no Ibirapuera, antes das 9h da manhã. Lá, formaram fila no hall monumental para receber sanduíche de peito de peru e guaraná.

A Folha ouviu dezenas deles. Contaram que receberam promessas vagas sobre vantagens que conseguiriam ao comparecer à cerimônia.

Poderiam fazer a inscrição para programas da CDHU, a companhia de habitação do governo estadual, e da Cohab, a empresa municipal. Nenhum dos entrevistados sabia que o evento era de um partido político.

"Fiquei decepcionada. Eles falaram: Vem para fazer a inscrição do CDHU', mas não teve nada disso", disse Nereide, 56 anos, única que concordou com que seu nome fosse divulgado.

Outra moradora disse ter sido informada de que a presença do grupo ajudaria as pessoas a conseguir apartamentos do Estado. "Vim aqui por causa da CDHU. Disseram que, se todo mundo viesse, primeiro vai liberar o terreno e depois o apartamento."

Alguns deixaram o local antes do início da cerimônia, quando viram que o evento não era o que esperavam.

SURPRESA

O secretário-geral do PP, Jesse Ribeiro, disse que até os dirigentes do partido se surpreenderam com o número de pessoas no ato: "Para mim foi surpresa. Mas qualquer tipo de oferta dessa não poderia ter vindo do partido. Nem havia motivo para usar um meio desse".

Os participantes disseram que a informação foi dada por diretores de uma entidade chamada Ipemsar (Instituto Paulista de Educação, Moradia e Promoção Social Novos Rumos). Uma lista do governo estadual mostra que a Ipemsar executa programas do Estado, como o Vivaleite, e que já foi parceira da CDHU.

Responsável por arregimentar as pessoas, Vânia, dirigente do Ipemsar, disse que não houve falsas promessas: "Viemos prestigiar. Não tem nada de apartamento. Decidi trazer as pessoas porque gosto do Maluf", disse. Para ela, pode ter havido uma interpretação errada de quem foi, já que o grupo também milita por moradias.

CONTROLE

As duas companhias de habitação citadas pelos moradores que se diziam enganados são controladas por Maluf. A CDHU é presidida por Antonio Carlos Amaral Filho, indicado pelo deputado. A Cohab, por Luiz Carlos Antunes Corrêa, diretor da empresa na gestão Maluf (1993-96).

No discurso, o deputado enfatizou suas ações em habitação: "Em Brasília, Juscelino fez 800 mil metros quadrados de área construída. Só na zona leste, nós fizemos 3 milhões de metros quadrados em moradia, quase quatro Brasílias".


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