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Lobistas ajudaram a obter contratos em SP, diz e-mail

Executivos da multinacional Alstom viam pagamento como 'investimento'

Mensagens obtidas na Suíça indicam que consultor recebeu para aproximar empresa de governos tucanos

FLÁVIO FERREIRA JOSÉ ERNESTO CREDENDIO MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

E-mails obtidos pelo Ministério Público da Suíça revelam que a multinacional francesa Alstom usou lobistas, suspeitos de intermediar o pagamento de propina a funcionários do governo de São Paulo, para aproximar a empresa de autoridades e obter contratos com o Metrô e a CPTM.

Propina era "investimento", de acordo com uma mensagem trocada entre executivos da Alstom em abril de 2004. A avaliação foi de que esse investimento foi "lucrativo" para a Alstom da França "sob muitos aspectos".

Segundo um dos e-mails, que foram enviados ao Ministério Público no Brasil, a conquista dos contratos pela Alstom "demandou um lobby muito forte e específico para resgatar a credibilidade necessária em face do Metrô de São Paulo e das autoridades estaduais de São Paulo".

A mensagem diz que houve uma decisão administrativa de contratar "agentes" para esses projetos, por meio da matriz da Alstom na França.

A comunicação das autoridades suíças ao Brasil relata que o e-mail menciona contrato assinado pela Alstom com a Gantown, empresa controlada por Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira com sede no Uruguai.

Eles são os lobistas contratados pela Alstom e fizeram depósitos de US$ 836 mil (R$ 1,84 milhão) na conta de João Roberto Zaniboni, ex-diretor da CPTM. Para os suíços, trata-se de suborno.

Ontem, o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou que um ex-presidente da Alstom, José Luiz Alquéres, recomendou em e-mail de novembro de 2004 a contratação do lobista Arthur Teixeira para obter negócios com o Estado.

Ao incentivar seus executivos a buscar contratos com o governo, Alquéres cita na mensagem o governador Geraldo Alckmin e o então prefeito José Serra, ambos do PSDB. Alckmin e Serra negam relações ilícitas com a Alstom. Alquéres disse à Folha que a Alstom nunca pagou propina em sua gestão.

Segundo Alquéres relata no e-mail, os tucanos teriam participado das negociações que levaram à reabertura de uma antiga unidade da Mafersa na Lapa (zona oeste) como uma fábrica da Alstom.

À época, a Alstom buscava transformar sua unidade de transporte num negócio de porte e enfrentava dificuldades. Nos oito primeiros meses de 2004, só 11% das metas haviam sido alcançadas.

Os e-mails da multinacional francesa obtidos pela Suíça citam dois negócios que depois foram fechados com o Metrô e a CPTM.

Um dos alvos do lobby foi a venda de 12 trens para a CPTM por R$ 223 milhões, em 2005. O negócio foi assinado no dia 28 de dezembro daquele ano. Para que a compra fosse feita sem nova licitação, a diretoria da CPTM retomou um contrato de 1995 que tinha acabado.

A operação foi considerada irregular pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).

As suspeitas de irregularidades nessa contratação levaram o Ministério Público a apresentar uma ação de improbidade contra o presidente da CPTM à época, Mario Bandeira, e outros então diretores da companhia.

Em 2007, o Metrô comprou 16 trens da Alstom por cerca de R$ 609 milhões usando um contrato de 1992.

Não foi a Alstom que ganhou a concorrência original, mas a Mafersa.


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