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Marina teve lições erradas na economia, afirma Lula
Petista ataca líder da Rede depois de ela reconhecer avanços do governo tucano
Segundo ex-senadora, o próprio Lula a ensinou sobre manutenção da estabilidade econômica em declaração de 2002
Dias depois de a ex-senadora Marina Silva indicar que reconhece a contribuição do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) para a estabilidade econômica do país, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a ex-aliada dizendo que ela precisa parar de aceitar "lições" erradas sobre o tema.
Marina, que foi ministra do Meio Ambiente no primeiro mandato de Lula e tem criticado a política econômica da presidente Dilma Rousseff, afirmou no início da semana que era preciso dar crédito a FHC e aos tucanos pelas conquistas econômicas do país, "para não fazer injustiça".
"A Marina entrou no governo junto comigo, em 2003, e ela sabe que o Brasil tem hoje mais estabilidade, em todos os níveis, do que a gente tinha [antes]", disse Lula. "Nós herdamos do FHC um país muito inseguro, não tinha nenhuma estabilidade."
O ex-presidente, que falou sobre o assunto a jornalistas após participar de evento comemorativo dos dez anos do Bolsa Família, disse que Marina "deve ter esquecido" das dificuldades econômicas que o país enfrentava quando os petistas chegaram ao poder.
"Tínhamos uma inflação de 12% quando cheguei e tem uma inflação hoje de 5,8%. Então, penso que a Marina precisa não aceitar com facilidade algumas lições que estão lhe dando. Ela precisa acompanhar, com mais gente, o que era o Brasil antes de a gente chegar", acrescentou.
Pelo mesmo critério de comparação utilizado pelo petista, a inflação era de 916% ao ano antes de FHC assumir a Presidência, em 1995.
Marina se aliou no início de outubro ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que deseja se candidatar a presidente contra Dilma nas eleições de 2014.
Segundo Lula, Marina "deve ter se esquecido" que "em 1998 a política cambial fez esse país quebrar três vezes".
À noite, antes de palestrar em Curitiba, Marina respondeu dizendo que o próprio Lula havia reconhecido as conquistas econômicas do país antes de assumir.
"Quanto à ideia da manutenção da estabilidade econômica, quem me deu a lição foi o próprio presidente Lula, quando ele assinou a Carta ao Povo Brasileiro'", disse ela, em referência ao documento que o petista lançou ainda como candidato à Presidência, em 2002.
A carta foi uma sinalização de Lula ao mercado de que, caso vencesse, manteria os fundamentos da política econômica vigente à época, como combate à inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante.
Durante a palestra, a ex-senadora também disse que a estabilidade, apesar de ter começado com FHC, "não é mais do PSDB nem dele".
"Independente de partido ou governo, essas conquistas têm que ser mantidas e aprofundadas, porque são da sociedade brasileira", afirmou.
CONTINUIDADE
Ao criticar a atribuição da "estabilidade econômica" a FHC, Lula disse também que a principal marca de Dilma é a da "continuidade" do "programa de inclusão social e desenvolvimento" que ele começou. Lula afirmou ainda que seu governo e o de Dilma foram os que mais investiram em infraestrutura desde Ernesto Geisel (1974-79).
Os investimentos federais tiveram uma melhora no segundo mandato de Lula, quando se aproximaram de 3,5% do Produto Interno Bruto, mas ficaram longe dos mais de 10% atingidos sob Geisel e abaixo de patamares atingidos nos governos Figueiredo (1979-85) e Sarney (1985-90).