Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

À mesa com Dilma

Após reunião com a presidente, que deu bronca em ministros no dia de Finados, Mercadante tomou lugar de colega para ficar perto da chefe durante almoço

NATUZA NERY VALDO CRUZ DE BRASÍLIA

A fome bateu após longa reunião da presidente Dilma Rousseff com um terço de sua equipe no sábado retrasado, dia de Finados.

Enquanto o buffet servia linguado, filé mignon e um carneiro assado, 14 ministros deixavam a fila da comida com o prato cheio e se acomodavam nos lugares previamente marcados.

Uma plaquinha com o nome da pasta estava disposta ao lado da taça de vinho para orientar os convivas.

Dilma foi a primeira a se servir. Foi seguida pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, situado pelo cerimonial a algumas cadeiras depois da chefe.

Ao perceber a distância, Mercadante agiu rápido. Olhou para os dois lados e surpreendeu quem flagrava, discretamente, a cena.

O ministro emborcou, sem cerimônia, a plaquinha que indicava que a vaga era de outro colega. Ou melhor, de outra. Sentou-se ali mesmo, na cadeira reservada à chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

Três pessoas observaram a cena, e viram a ministra atrás de novo lugar com cara de interrogação.

Naquela reunião de quase seis horas, Dilma não economizou nos pitos. O primeiro premiado foi o titular da Saúde, Alexandre Padilha. Este, aliás, mesmo uns minutos atrasado, chegou ao encontro fazendo piada.

"Meu motorista me disse que essa reunião seria um desastre", abriu a conversa. "Como assim?", perguntou Dilma, surpresa. "Ele disse que chamar reunião em dia de Finados é esperar que um monte [de ministros] saia daqui demitido", completou.

A presidente até riu da galhofa, mas logo pediu que Padilha fosse o primeiro a apresentar dados de sua pasta. Quando abriu o arquivo em Power Point, brinquedinho favorito da chefe, ouviu uma resposta dura. "Não, não, não, não quero balanço!"

Dilma queria saber a quantas andava o Mais Médicos, "se o pessoal está chegando nas cidades" para atender os pacientes. Programa que, por sinal, mereceu elogios da chefe durante a reunião.

O curioso é que, depois da primeira lambada, se descobriu que todos ali, sem exceção, haviam preparado o mesmo tipo de apresentação.

Antes da confusão das placas do almoço, Mercadante e Gleisi já haviam trombado.

Dilma cobrava ações da chamada educação inclusiva. Mercadante acabou estocando Gleisi: "não se pode fazer política pública olhando só para o Paraná", disse o ministro da Educação, que defende a educação inclusiva, enquanto Gleisi apoia a aplicação de recursos nas Apaes.

A indireta ao Estado que a ministra pretende administrar acabou pesando o clima por alguns minutos. As broncas e exigências da presidente desanuviaram o clima.

Segundo um ministro, sobrou para todo mundo naquela tarde de sábado, menos para o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, tido como o queridinho da chefe.

O mais cobrado pela presidente foi um dos novatos, o ministro Francisco Teixeira, que substituiu Fernando Bezerra na Integração Nacional. Dilma exigiu medidas para acelerar as obras de transposição do rio São Francisco, cuja demora está sendo explorada pela oposição.

Após a reunião, correu o comentário de que o encontro no Palácio da Alvorada, por ter sido realizado no Dia de Finados, estava mais para um encontro de mortos-vivos.

Uma brincadeira em relação ao fato de que, ali, estavam vários ministros que vão deixar o cargo em breve para concorrer em 2014, casos de Gleisi (ao governo do Paraná) e Padilha (ao de São Paulo).


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página