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Governo diz que exumação de Jango é 'resgate histórico'

Peritos abrem sepultura do presidente em São Borja e colhem amostras de gases do caixão para análises

Objetivo é investigar suspeita de que morte durante a ditadura tenha sido provocada por envenenamento

FELIPE BÄCHTOLD ENVIADO ESPECIAL A SÃO BORJA (RS)

Em meio a uma peregrinação de políticos e declarações sobre o "resgate histórico" promovido pela iniciativa, o corpo do presidente João Goulart (1919-1976), o Jango, foi exumado ontem no cemitério de São Borja (RS).

O trabalho começou às 7h e não havia sido finalizado até a conclusão desta edição.

A exumação, um pedido da família, irá tentar identificar as causas da morte, ocorrida quando o presidente vivia no exílio, na Argentina.

Deposto pelo regime militar (1964-1985), Jango morreu de infarto, segundo o relato oficial. Mas a família e o governo suspeitam de envenenamento, em possível ação coordenada entre as ditaduras da época no Cone Sul. Nunca houve autópsia.

Em São Borja, a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) disse que a exumação é uma "missão de Estado" e que Jango representa a "retomada" da democracia.

Sobre os gastos públicos com a exumação, a ministra disse que estarão disponíveis após o processo. "Custa menos do que uma ditadura. Porque essa custou vidas, exílio, significou a morte."

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que a exumação é um momento "simbolicamente muito importante" para o país.

O governador do RS, Tarso Genro (PT), esteve no local e defendeu a punição a torturadores por meio de nova interpretação da Lei da Anistia.

A abertura da sepultura e a retirada do caixão se estenderam até tarde da noite. Só parentes, políticos e técnicos tiveram acesso ao cemitério. Uma tenda cobriu o jazigo, envolto em panos pretos. A rua do cemitério foi isolada.

Segundo o perito Amaury de Souza Júnior, da Polícia Federal, o túmulo não tinha infiltrações, o que facilitou o trabalho. Os técnicos perfuraram o caixão e extraíram gases antes de abri-lo. Esse material também será analisado para tentar detectar substâncias usadas em casos de envenenamento.

O perito cubano Jorge Perez, que atuou no procedimento a pedido da família Goulart, explicou que, com a abertura do caixão, os gases poderiam ser perdidos, levando à perda de informações.

No fim da tarde, após nove horas de trabalho, a ministra Maria do Rosário informou que a exumação se estenderia até cerca de meia-noite.

Inicialmente, estava previsto que a urna com os restos mortais deixasse o cemitério, em trajeto de carro até o aeródromo da cidade. De São Borja, a urna seguiria de helicóptero até uma base militar em Santa Maria (RS).

O governo federal divulgou que os restos mortais seriam levados em um avião da FAB na manhã de hoje a Brasília, onde está prevista cerimônia com a presidente Dilma Rousseff. Ontem à noite, porém, a ministra Maria do Rosário não quis responder se a programação estava mantida.


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